sexta-feira, 19 de novembro de 2010

VOCÊ GOSTA DE ÓPERA?



Se a sua resposta foi SIM, vai gostar muito do que vai ouvir.

Se a sua resposta foi NÃO, assista ao vídeo.



DIA EUROPEU DA ÓPERA EM PAMPLONA. UMA SURPRESA AGRADÁVEL, NUMA TARDE DE PRIMAVERA, QUE PARECIA SER UM DIA COMO OUTRO QUALQUER...




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sábado, 30 de outubro de 2010

PROMESSAS DO PRESIDENTE LULA







Podemos confiar nelas?





Valter de Oliveira


Nosso presidente é um homem curioso. Loquaz, espontâneo, tem o dom de convencer muitos de seus ouvintes. Também adora fustigar veementemente o que afirma ser hipocrisia de quem o critica. Vocês se lembram quando ele afirmou que em nosso país não há ninguém mais ético do que ele?

Passemos dos “papos” aos fatos.

A questão da liberalização do aborto não é de hoje. Lula, como a candidata Dilma, se diz católico e pessoalmente contra o aborto. E jura que diz a verdade.

Carta do presidente a todos os bispos do Brasil - 8 de agosto de 2005


“Reafirmo nosso compromisso com a afirmação da dignidade humana em todos os momentos e circunstâncias e com a rigorosa proteção do direito dos indefesos. Nesse sentido quero, pela minha identificação com os valores do Evangelho, e pela fé que recebi de minha mãe, reafirmar minha posição em defesa da vida em todos os seus aspectos e em todo o seu alcance. Nosso governo não tomará nenhuma iniciativa que contradiga os princípios cristãos, como expressamente mencionei no Palácio do Planalto”.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil (1)

A promessa de Lula foi cumprida?


1. No mesmo mês de agosto o presidente enviou carta à ONU reconhecendo a prática do aborto como direito humano... (ver p. 30 do documento da Comissão em Defesa da Vida da regional sul 1. da CNBB com a citação da carta de nosso governo)

2. Em 27 de setembro de 2005, através da Secretaria Especial de Política das Mulheres, o atual governo apresentou ao Congresso um substitutivo do PL 1135/91 com o objetivo de liberalizar o aborto contradizendo tudo o que havia sido afirmado pouco antes sob juramento...

3. Documentos de 2006 e 2007 reiteram o apoio do governo e do PT à causa pró-aborto. Pior: o 3º Congresso Nacional do PT (de 31 de agosto a 2 de setembro confirma o empenho do partido nesse sentido afirmando que a resolução tem caráter obrigatório para todos os membros do PT. Como diz o texto da Comissão de Defesa da Vida: “Ninguém,portanto, a partir de setembro de 2007, pode candidatar-se pelo PT sem estar de acordo com a descriminação do aborto”.

A situação mudou com a atual eleição?



Nem um pouco. As declarações de Lula, Dilma e do PT só enganam a quem, misteriosamente, nega sistematicamente a verdade. E aqui não estamos a julgar a consciência de ninguém. Estamos expondo fatos. Entre eles publicamos o texto do Diário Oficial da União (2) com financiamento governamental a entidade que tem por objetivo descriminalizar o aborto.

Triste, senhor presidente, muito triste. Que nome o sr. daria a tal tipo de atitude?


Notas

1. fonte: Contextualização da Defesa da Vida no Brasil. Como foi planejada a introdução da cultura da morte no país. Comissão em Defesa da Vida da Diocese de Guarulhos, Comissão em Defesa da Vida da Diocese de Taubaté, Membros da Comissão em Defesa da Vida da Regional Sul-1 da CNBB, p. 37,38. Ver em:


RECOMENDAMOS VIVAMENTE A LEITURA DESSE PRECIOSÍSSIMO DOCUMENTO.


2. Ver artigo no site mundoemfoco: Governo Federal contrata assessoria para legalizar aborto no Brasil



Para mais informações sobre o assunto leia





sábado, 16 de outubro de 2010

EM DEFESA DE D. ALDO
CARTA ABERTA AOS MOVIMENTOS SOCIAIS DA PARAÍBA

Prezados senhores dirigentes dos movimentos sociais da Paraíba

Saudações

Li o manifesto dos senhores de repúdio a D. Aldo Pagotto. Apesar de conhecer a ousadia de alguns movimentos sociais não imaginei que chegassem ao extremo de pedir a repreensão de um arcebispo da Igreja Católica por discordar dos senhores em pontos específicos de política e economia. Vejamos algumas acusações:

1. D. Aldo é acusado de agir “em desacordo com as orientações pastorais da própria CNBB – desacata inclusive orientações de dioceses da Paraíba”

Resposta

1. Como ensina o cardeal Ratzinger a CNBB – por mais méritos que possa ter em sua atuação, é um organismo burocrático, não faz parte da estrutura docente da Igreja. O bispo, senhor de sua diocese, responsável por seus fiéis diante de Deus, não tem nenhuma obrigação jurídica ou moral de seguir um posicionamento da CNBB que ele, em sua consciência, julga não estar correto, quer técnica, quer doutrinariamente.

2. Conforme a doutrina católica o princípio da colegialidade não impõe a nenhum bispo a obrigação de seguir a orientação de prelados de outras dioceses. “Os bispos são, cada um por si mesmo, princípio e fundamento da unidade nas suas igrejas particulares” (LG 23). O poder que possuem “é um poder próprio, ordinário e imediato”. (LG 27). (1).Ele deve estar em união com o Papa e em conformidade com o magistério da Igreja.

O conceito de colegialidade defendido pelos senhores nada tem a ver com o que é ensinado pela Igreja. Basta olhar o Catecismo de João Paulo II.

O pretenso espírito democrático expresso pelos senhores reflete outra coisa, aliás, errônea e perigosa: reflete o chamado centralismo democrático segundo o qual, quando uma assembléia decide um tema, não se pode mais divergir do que foi decidido. É o que vimos no episódio pelo qual o PT suspendeu os deputados Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC) que continuaram criticando a descriminação do aborto mesmo após o partido ter fechado questão sobre este ponto. Para manter seus cargos tiveram que se desfiliar e procurar outros partidos.

É bom lembrar que o chamado centralismo democrático é o conceito marxista leninista de democracia. Nele não pode haver objeção de consciência. Obedece-se e pronto. É tirânico. Não tem nada de verdadeiramente democrático e menos ainda de católico.

2. Os senhores dizem que D. Aldo desrespeita a pedagogia de Jesus em favor dos mais necessitados

Resposta

Seria preciso provar que a posição do bispo em matéria da questão da propriedade está em desacordo com a doutrina social da Igreja. Não li nenhum argumento dos senhores neste sentido. Só há invectivas. Lembrem-se: ao acusador cabe o ônus da prova.

Sabemos que movimentos sociais como o MST defendem claramente o socialismo e pregam a abolição da propriedade privada dos meios de produção. O Sr. Stédile, que representa uma facção do movimento, defende inclusive, como ele declarou na TV e por escrito, que é necessária a reforma agrária em propriedades grandes, ainda que produtivas. Dá para entender, a partir disso, a manchete do artigo de D. Aldo.

É uma mentira que a aplicação do socialismo é mais favorável aos mais necessitados da sociedade. Isso só é “verdade” no mundo da propaganda manipuladora. O socialismo de Stalin levou à morte mais de 25 milhões de camponeses – os antigos kulaks – deportados para lugares terríveis na URSS. Qual o crime deles? Ter produzido muito!... Este foi o socialismo real. No que o socialismo do sr. Stedile difere do que concretamente existiu?

3. Conforme os senhores D. Aldo critica e desestimula as iniciativas que visem promover a justiça social, a dignidade e organização do Povo dos Pobres... as CEBs, a grande maioria das Pastorais Sociais e até padres comprometidos com a causa dos pobres.

Resposta

A Igreja sempre defendeu – e defende – toda atividade realmente a favor da justiça e da dignidade humana. Toda iniciativa que tenha esses objetivos – e que, portanto, devem estar conforme o direito natural e a doutrina social da Igreja devem ser apoiados e estimulados.

Ora, o que a assessoria de D. Aldo afirma – e tem razão – é que em nosso país muitos movimentos sociais afastaram-se da verdade para seguir ideologias relativistas e socialistas. Prova disso? Muito simples: o apoio dado por muitos movimentos sociais ao PNDH 3 proposto pelo PT; plano que defende a descriminação do aborto, aprovação da lei da homofobia, legalização da prostituição, união civil de homossexuais e muitos outros pontos que se chocam com a doutrina católica e o direito natural. É o que a CUT e o MST, que assinam o documento dos senhores contra D. Aldo, afirmam claramente no documento que citamos em nota. (2) O que há de católico nele? Nada. Muito pelo contrário.

Uma questão para os senhores, o que é mais: A vida ou a propriedade?

As encíclicas papais sempre criticaram violentamente os abusos do capitalismo. Sempre ensinaram que trabalho não é mercadoria. Sempre exigiram que o trabalhador fosse tratado com dignidade.

Todos sabem que os movimentos sociais criticam severamente o sistema econômico liberal. Certas críticas são verdadeiras; outras, absolutamente falsas.

A Igreja nos ensina que a propriedade é um direito natural secundário e a vida um direito natural primário. Este é superior àquele.

O homem comum sabe disso. Todo homem sensato, diante de um ladrão que o assalta, prefere entregar a carteira ou o carro do que correr o risco de perder a vida.

Ilógicos são aqueles que dizem defender a justiça ao promover a partilha (ou eliminação?) da propriedade e apóiam governos e outros movimentos que afirmam que a vida não é um direito natural inalienável. Pior: não só não se incomodam que se proponha a descriminação do aborto, mas ainda assinam declarações de apoio ao aborto.

Os movimentos sociais e pastorais da Paraíba podem mostrar a D. Aldo que o receio quanto à ortodoxia católica dos senhores é infundada. Basta promoverem grandes passeatas em favor da vida. Aliás, deveriam ter feito isso em Aparecida, no último dia 12 de outubro. Deveriam ter bradado contra todos os que defendem ou pregam a cultura da morte: PT, PSOL, PCdo B, e, porque não dizer, setores do PSDB e de partidos ditos liberais que rejeitam obstinadamente o direito natural.

Os senhores estão dispostos a fazer isso? Estão dispostos a lutar pelo principal direito humano? Se não lutarem pelo bem maior é porque o menor é falso. É só pretexto para afundar o Brasil num laicismo socializante fadado a aprofundar nossos males sociais e nos deixar ainda mais afastados de Deus.

Movimentos sociais e Plínio de Arruda Sampaio

No debate na Band Plínio disse que falava como representante dos movimentos sociais. Disse a verdade ou mentiu?

O que tem defendido Plínio e seu partido?

Laicismo que rejeita símbolos religiosos em locais públicos, lei da homofobia, casamento homossexual, liberalização do aborto, negação da propriedade dos meios de produção. Se ele disse a verdade ao dizer que os representa está confirmado que os senhores estão empenhados em aprovar a cultura da morte e um tipo de economia que há mais de cem anos é condenado pela doutrina social da Igreja. Nesse caso D. Aldo tem toda a razão em não colaborar com os senhores. Nenhum cristão sério colabora para a implantação de uma sociedade anti-cristã.

Cabe agora aos senhores continuarem o debate. Se é que estão dispostos a isso.

Se querem realmente ser católicos sejam fiéis à doutrina social da Igreja. Toda ela. Não apenas ao que julgam conveniente.

Que o bom Deus os ajude.

Atenciosamente,

Valter de Oliveira


Notas

1. RATZINGER, Joseph. A fé em crise? O Cardeal Ratzinger se interroga. São Paulo, EPU, 1985, p. 40). Ver também nosso artigo em defesa de D. Cristiano.


2.
Nota Pública em defesa do III Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3)

É avanço na luta por direitos humanos em defesa da democracia, dos direitos humanos
e da verdade.

As entidades e militantes dos Direitos Humanos e da Democracia de São Paulo-SP juntam-se ao Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), rede que reúne cerca de 400 organizações de direitos humanos de todo o Brasil, para manifestar publicamente seu REPÚDIO às muitas inverdades e posições contrárias ao III Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3), e seu APOIO INTEGRAL a este Programa lançado pelo Governo Federal no dia 21 de dezembro de 2009.

(...)

Juntamente o ao MNDH, ainda que explicitando alguns outros detalhes que envolvem a integralidade do PNDH 3, nós, organizações, movimentos e militantes de São Paulo, entendemos que as reações veiculadas pela grande mídia comercial, com origem, em sua maioria, nos mesmos setores conservadores de sempre, devem ser tomadas como expressão de que o Programa tocou em temas fundamentais e substantivos, que fazem com que caia a máscara anti-democrática destes setores. Estas posições põem em evidência para toda a sociedade as posturas refratárias aos direitos humanos, ainda lamentavelmente tão disseminadas, e que se manifestam no patrimonialismo - que quer o Estado exclusivamente a serviço de interesses dos setores privados; (...) no patriarcalismo - que violenta crianças e adolescentes, e serve de alicerce para o machismo - que mantém a violência contra a mulher e sua submissão a uma ordem que lhes subtrai o direito de decisão sobre seu próprio corpo (como o direito ao aborto), lhes impõe salários sempre menores que os dos homens, ou a situações de violência em sua própria casa; no racismo - que discrimina negros, indígenas, ciganos e outros grupos sociais; nas discriminações contra outras orientações sexuais que não sejam apenas a heterossexualidade (considerada o único padrão de “normalidade” em termos sexuais) - estigmatizando a homossexualidade (masculina ou feminina), a bissexualidade, os travestis ou transexuais, e todas as demais manifestações de homoafetividade - o que impede o reconhecimento dos casamentos, ligações e constituição de famílias fora das “normas” (atualizadas ou não) do velho patriarcado supostamente sempre heterossexual, monogâmico e monândrico (...).

Juntamente com o MNDH, também manifestamos nosso apoio integral ao ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi (...)

Em suma, como organizações da sociedade civil, o MNDH e nós, que vivemos e militamos em São Paulo, estamos atentos e envidaremos todos os esforços para que as conquistas democráticas avancem sem qualquer passo atrás.

São Paulo, 14 de janeiro de 2010.


Movimentos, Organizações e Militantes pelos Direitos Humanos de São Paulo


LISTA DE ENTIDADES QUE SUBSCREVEM ESTA NOTA PÚBLICA

Excluímos grande parte delas. Deixamos, A CUT e o MST e as que, só pelo título, se mostram claramente contra a moral católica


ABGLBT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GAYS, LÉSBICAS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS
COLETIVO DE FEMINISTAS LÉSBICAS
CUT - CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES
FRENTE NACIONAL PELO FIM DA CRIMINALIZAÇÃO DA MULHER E PELA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO
LBL - LIGA BRASILEIRA DE LÉSBICAS
MST - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

Caso o leitor queira ver o texto e a lista completos acessar:


terça-feira, 7 de setembro de 2010


OS PRESIDENCIÁVEIS E O ABORTO





Valter de Oliv
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Apresentamos a nossos amigos a opinião dos presidenciáveis encontrada em órgãos da mídia.

Após a exposição das idéias de cada um teceremos breves reflexões.

1.
“Até agora, nenhum dos três principais candidatos à presidência defendeu mudanças na atual legislação sobre o aborto. Em junho, durante entrevistas concedidas à imprensa em Porto Alegre, Dilma Rousseff, declarou que aborto é uma questão de saúde pública. "Um governo não tem de ser a favor ou contra o aborto. Tem que ser a favor de uma política pública", afirmou. "Aborto não é questão de foro íntimo meu, seu, da Igreja, de quem quer que seja. É uma questão de saúde pública." Nestes termos, segundo a ex-ministra, o “aborto para ser possível tem de estar previsto em lei”.


Comento:

Saúde pública é um eufemismo para evitar dizer que apóia o aborto. E ela sabe que é programa do PT e ser contra o aborto é

motivo de expulsão do partido. Também sabe que faz parte do ideário do Consenso de Brasília fomentado e apoiado pelo PT. Consenso que Lula se comprometeu recentemente a propagar pela América Latina.

A preocupação com a saúde da mãe não se estende ao feto. Ele é simplesmente esquecido, descartado. Coerente com a ideologia feminista radical que o considera, sem nenhuma base científica, simplesmente como parte do corpo da mãe.

Em suma: a mulher deve ter direito de abortar correndo menos riscos.



2.
Serra afirma que não quer mudar a legislação existente. Eis o que declarou “em maio, no programa do Ratinho: "Eu não sou a favor do aborto. Não sou a favor de mexer na Legislação. Agora, qualquer deputado pode fazer isso.

Como governo, eu não vou tomar essa iniciativa”, declarou o tucano”.





Comento:

E caso alguém tome a iniciativa qual será sua posição? Se o Congresso aprovar um projeto de lei abortista o candidato irá vetá-lo? Por que não declara que faria isso? Por que não afirma que qualquer projeto abortista nega o mais fundamental dos direitos humanos? Por que não dizer que uma eventual “lei” que elimine inocentes fere a Convenção de S. José da Costa Rica, assinada pelo Brasil, na qual lemos que o direito à vida começa na concepção?


3.

Marina Silva se declara pessoalmente contrária à legalização, mas sugere a realização de uma consulta à sociedade. "Essa é uma responsabilidade do Congresso Nacional, mas considero que uma questão tão complexa e importante como essa deve ser decidida diretamente pela sociedade, através de um plebiscito", afirmou a candidata do PV”. (1)

Comento:
Lamentável, simplesmente lamentável. A candidata é contra a legalização baseada em qual princípio? Se considera que a vida humana desde a concepção é um direito inviolável, como aceitar que um plebiscito possa revoga-lo?

Absurdo. Marina Silva toma a posição de Pilatos que condenou um inocente. Cristo morreu devido a um plebiscito!


4.


De Plínio de Arruda Sampaio encontramos a seguinte afirmação:

“Apóio o movimento em favor da descriminalização do aborto porque, evidentemente, a lei atual demonstrou ser, não apenas ineficaz, mas claramente perniciosa, uma vez que obriga as mulheres a recorrer a pessoas despreparadas e inescrupulosas para interromper uma gravidez indesejada.” (2)


Comento:

É xérox piorado da candidata Dilma.

Intitulando-se católico não tem a mínima consideração para o que a Igreja diz sobre o tema. O que os Papas afirmam sobre moral não lhe interessa. Não aceita que a Igreja combata publicamente o aborto. Ela não teria o direito de influenciar a sociedade com seu ensinamento, pois o Estado é laico. É o filho que amordaça a mãe...

Tudo lógico. Quem apóia relativistas que negam o direito natural esquece que o respeito e o amor pela Igreja estão incluídos no quarto mandamento.



Esses são nossos principais candidatos. O que fazer? É possível aplicar nesta eleição para o Executivo o princípio do mal menor?

É tema para outro artigo.





sexta-feira, 27 de agosto de 2010



GLOBO, BAND, PRESIDENCIÁVEIS





Valter de Oliveira




No ultimo dia 06 de agosto tivemos o primeiro debate entre os candidates à Presidência da República. Que tristeza! Pobreza dos contendores. Pobreza da mídia cada vez mais conivente com o poder dominante.

O velho Estadão perdeu os dentes, esqueceu os velhos ideais democrático-liberais. Não sabe ou não quer mais fazer verdadeira oposição. Ou pelo menos retratar a realidade do melhor modo possível.

Na opinião do jornal tivemos um debate amistoso: "O primeiro debate entre os candidatos (...) surpreendeu pelo tom amistoso com que se trataram os participantes". Reconhece que ele foi "monótono" mas empenha-se em mostrar que foi "uma discussão sem ataques pessoais, jogadas ensaiadas de marketing e frases feitas destinadas a causar impacto na audiência eleitoral". Depois disso o artigo alinhava de modo tranqüilo o que foi dito por cada um dos candidatos. E no meio resolve dizer que "houve um certo amadurecimento da disputa eleitoral". A atuação dos candidatos foi, diz o articulista, um convite ao sono dos expectadores. Sono tão forte, dizemos nós, que se fez presente no próprio artigo do Estadão...

Já a Band teimava em dizer que o debate foi mais uma contribuição para nossa democracia. Nem uma explicação sobre o fato de se fazer um debate às dez da noite em noite de final de Libertadores...

A Globo - que se apresenta como defensora da democracia e da conscientização política de nosso povo - deu um jeitinho de transferir o jogo do São Paulo para as dez da noite...Parece que não convinha um possível fiasco de D. DIlma diante da audiência global.

Houve também quem propagasse com alegria o grande desempenho do Sr. Plínio de Arruda Sampaio. Repetir velhos e demagógicos chavões e chamar Marina de Polliana é, para certa mídia, um exemplo esfuziante de sagacidade...

E o nosso povo, o que pensa?

Entre as pessoas mais simples e até da classe média uma parte estava atenta ao jogo. Outra já tinha ido dormir. É preciso acordar cedo para ter o pão de cada dia. Menos de 3% dos expectadores assistiu os quatro presidenciáveis.

Leitores de jornal - em geral mais bem informados - viram a realidade melhor do que a mídia. Li a opinião dos leitores do Estadão. Dão um banho de visão política em jornalistas e analistas que se esqueceram da verdadeira missão da mídia.

Selecionei apenas 4 delas. Muitas outras poderiam ser citadas.



Extrema delicadeza



Como eleitor e cidadão brasileiro, fiquei decepcionado com o debate promovido pela Band. Não sei se foi engessamento por parte da emissora ou da assessoria dos candidatos, pois o que se viu foi uma delicadeza extremada dos dois principais concorrentes. Entendo que os brasileiros precisavam ouvir, com firmeza e em detalhes, o que a candidata do governo tem a dizer sobre o envolvimento do PT com as Farc e com o MST e sobre o programa de governo com relação à liberdade de imprensa e todas as formas de comunicação. Ninguém abordou esse tema! Por quê? Foi medo de enfrentar a petista? Medo por quê, se ela estava tremendo e gaguejando? Foi uma pena!

JOÃO MAGRO VENTURA


São Paulo



Partida provinciana


Como esperável, nosso "homem cordial" preferiu o embate entre o glorioso Tricolor Paulista e o combativo Colorado gaúcho ao debate dos presidenciáveis. Não perdeu muito. O modorrento confronto só foi quebrado por algumas pedaladas démodés de Plínio de Arruda Sampaio, cuja notória inteligência parece haver sido enterrada sob os escombros ideológicos dos anos 60. O que causou mais espécie foi a absoluta irrelevância a que os candidatos e os próprios jornalistas relegaram os temas internacionais e as desastradas intervenções do governo brasileiro no campo das liberdades públicas e dos direitos humanos em suas relações com os outros países, como, por exemplo, a ameaça global - e, por evidente, aos brasileiros - que hoje representam as ditaduras de Coreia do Norte e Irã. Enfim, o futebol da Libertadores preponderou sobre uma partida provinciana.


AMADEU R. GARRIDO DE PAULA


São Paulo




MUDANÇA DE DATA


Parabéns, Rede Globo! Vocês alcançaram o objetivo. Com a força que têm, conseguiram mudar a data do jogo entre São Paulo e Inter (noticiado em 17/6/2010) e o resultado foi o Ibope de 28 a 5 para a Globo. É claro que o povão (e não estou nem falando dos que recebem a bolsa-esmola) prefere assistir a uma semifinal (com gosto de final) de Libertadores a um debate para presidente. Com isso a candidata chapa-branca continuou pouco conhecida por aqueles que podem fazer a diferença na hora do voto. Quem conhece a situação da dívida que a Globo tem com o BNDES não pode imaginar que tenha sido mera coincidência a mudança da data. Eu não me lembro de ter visto, nos últimos 15 anos, uma semifinal de Libertadores envolvendo clube brasileiro ser disputada em outro dia diferente de quarta-feira.


Sergio Luis dos Santos


São Paulo




BURRICE E MENTIRAS


Dilma mentiu de novo: o DEM não recorreu contra o ProUni, mas sim contra o racialismo da proposta. Quem chamava as diversas "bolsas" do governo FHC de "esmola" era Luiz Inácio Lula da Silva, que depois as fundiu no Bolsa-Família. É fato, e está gravado em vídeo. Sobre o PSDB não ter tido projeto para o País, alguém deveria lembrar a Dilma o Plano Real. O jornalismo brasileiro precisa, com urgência, abdicar do simples "aspismo", sob pena de parecer apenas burro.

Conclusão sobre o debate dos presidenciáveis na Band: as TVs brasileiras não sabem fazer um programa de debates. Este modelo praticado no Brasil, engessado, burocrático, cheio de regras, mais se parece com uma sabatina mal feita. Não existe nenhum debate de ideias, de fato, nem há sequer tempo hábil para desenvolver qualquer discussão. É tudo muito superficial, limpinho, vazio e chato.


M. Cristina da Rocha Azevedo





É preciso dizer mais alguma coisa?



Nota: Se o leitor quer ler um texto mais acadêmico sobre o debate político brasileiro leia o artigo de Heitor de Paola "Eleições no Brasil, uma piada" no "Mídia sem Máscara".






Alegria (por Javier Velazco)


Em meio a tantos problemas que nos envolvem no dia a dia, uma bela música para refletirmos sobre o papel da alegria em nossas vidas.


segunda-feira, 19 de julho de 2010


É MELHOR CORRER RISCOS DO QUE DEIXAR DE VIVER


Sonia Rosalia Refosco de Oliveira


Se você pensa que essa frase foi dita por Amyr Klink ou Reinhold Messner está muito enganado. A pessoa que disse isso, entretanto, é tão corajosa, tão aventureira quanto o grande navegador brasileiro ou o famoso alpinista ítalo-austríaco.

A história de Eliana e Paulo que moram há 40 anos no Hospital das Clínicas de São Paulo poderia ser, a princípio, uma história triste, de muito sofrimento e angústia. Esses heróis da vida real, contudo, sabem que são muito mais do que pernas e braços, são seres humanos extraordinários, com sonhos a serem realizados, com sorrisos a serem distribuídos, com a alegria contagiante de quem sabe que a vida é o maior dom de Deus e que não podemos desperdiçá-la com lamentações e tristezas.

Eliana e Paulo são os únicos sobreviventes da última grande epidemia de paralisia infantil ocorrida na década de 70. Por motivos maiores residem no Hospital desde o início da doença. Lá, estudaram e formaram-se no Ensino Médio, mas os sonhos continuam, porque a vida deve ser bem vivida em todas suas fases e momentos.

Gostaria de ressaltar, nessa história encantadora, a importância dos funcionários do HC de São Paulo na vida dessas pessoas. Quando o trabalho é feito com amor e dedicação, temos as consequências claras e visíveis transbordando nos gestos e rostos de todos. Como é dito por Eliana, esses funcionários "são como família" e família não mede esforços para ajudar e fazer crescer em todos os sentidos. Sem eles tudo seria muito mais difícil. Parabéns a esses funcionários exemplares que sabem o valor do trabalho e, especialmente, do ser humano.

Assistam ao vídeo e façam suas próprias reflexões sobre a vida, o que é importante, o que nos traz a paz e o que nos dá felicidade.



segunda-feira, 5 de abril de 2010


A BUSCA DA PERFEIÇÃO




Percival Puggina

A proximidade da Páscoa me trouxe à mente história ouvida há muitos anos. Construía-se alhures, na Baixa Idade Média, uma grande catedral. A obra já elevava suas torres e lançara seus arcobotantes. Verdadeira multidão de operários se ocupava das cuidadosas tarefas de acabamento. Um pavilhão fora especialmente construído, próximo dali, para outro importante trabalho, que exigia quietude e concentração especiais. Era o atelier dos escultores das imagens que iriam apontar as devoções a que o templo estava destinado.

Um transeunte resolveu penetrar na intimidade daquele recinto. Tendo identificado o mestre escultor, aproximou-se e contemplou o que fazia. Era a estátua de uma figura humana de porte soberbo, entalhada em fino mármore. Quedou-se ali, silencioso, acompanhando a meticulosa tarefa cujos detalhes – o rigor do artista bem o indicava – ainda ocupariam longas semanas. Lá pelas tantas, atreveu-se a indagar: “Essa é a imagem que irá para o altar-mor?” O escultor voltou-se para ele como quem emergisse de profunda concentração e contestou: “Não, este é um dos doze apóstolos que serão colocados ao longo do alinhamento mais elevado da cobertura”.

O visitante não pode conter seu espanto e voltou a interpelar: “Nesse caso, as imagens ficarão a grande altura do solo e jamais poderão ser apreciados os detalhes nos quais o senhor tanto se detém e que longo tempo ainda lhe irão tomar”. A resposta do escultor veio rápida, encerrando em duas palavras a sabedoria de uma parábola: “Ele verá!”

Ouvi essa história há muitos anos, mas a curta resposta do escultor ainda ecoa em minha mente: “Ele verá”. Tanta contradição entre ela e os critérios do mundo! Quantas vezes dedicamos nosso esforço e zelo buscando a perfeição nas coisas dos homens (e é bom que assim façamos) sem que nada semelhante, em zelo e esforço, reservemos para as coisas de Deus? Bem ao contrário, para Ele costumamos deixar migalhas das sobras do tempo e os restos da nossa vitalidade.

Entre as muitas esculturas que surgem como obras de nossas próprias mãos encontramo-nos nós mesmos. E aqui, quase sempre, a busca da perfeição é deixada de lado: “Somos como somos” costumamos dizer, desleixados e desatentos em perceber que a santidade é a catedral que mais agrada a Deus, a obra que se eleva acima dos telhados mundanos, e cujo campanário repica a glória do Senhor que tudo vê.



_____________________
* Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.

Fonte: puggina.org



terça-feira, 30 de março de 2010













LIBERAIS E CONSERVADORES
UM DEBATE PELA UNIÃO

Valter de Oliveira

Publicamos hoje dois artigos de autores que têm se destacado em defender a liberdade e o direito natural. É mais um “debate”. De um lado Klauber Cristofen defende os liberais da crítica conservadora e afirma que conservadores europeus, por exemplo, na questão da propriedade, estão caindo em posições socializantes. Nivaldo Cordeiro, por sua vez, que em seu blog se intitula um liberal, passou, devido aos estudos que tem realizado, a considerar que o liberalismo é causa da Revolução que nos ameaça, com a conseqüente destruição dos valores morais tão odiados pelos socialistas...

A discussão é importante, entre outras coisas, porque vemos hoje bons pensadores discutir seriamente a causa da crise do mundo moderno. É ponto sobre o qual, o Papa Bento XVI tem pedido que dediquemos nossa atenção.

Para terminar: espero sinceramente que Klaus, Nivaldo Cordeiro e muitos outros continuem a aprofundar o tema. Que procurem a união na verdade, num diálogo sério e fraterno, de modo que o talento de todos seja utilizado cada vez mais em defesa dos mais nobres valores da civilização e do homem.


LIBERALISMO E REVOLUÇÃO

12 de março de 2010
Nivaldo Cordeiro

Da obra de Hobbes (e de seu discípulo dissimulado, Locke, o o “sage” Locke) emerge a idéia do contrato social, dos direitos fundamentais e da igualdade. De Grocius a idéia de que a lei natural deve ser compreendida como uma equação matemática e que o direito deve emergir de sistemas gerais aplicados a todos os casos. De Maquiavel a idéia de que a obtenção do poder é ato voluntarista do “novo” príncipe, cujo único compromisso é com a manutenção do poder, uma vez esse conquistando, abandonando qualquer ilusão de justiça ou de equidade que se esperava dos governantes até então.

Como pano de fundo o laicismo e o ateísmo, militante ou camuflado, que tem acompanhado a ciência política desde então. E, claro, o desdobramento inexorável dos direitos fundamentais em direitos humanos e a busca obsessiva pelo dogma da igualdade. Esse é o receituário liberal desde a origem e aqui podemos ver nele contido todo o germe revolucionário jacobino, que vai se desdobrar nas revoluções.

As três maiores revoluções ─ a Reforma, a Francesa e a marxista, no século XX ─ foram derivações dessa rebelião original contra os fundamentos metafísicos da ciência política e do direito. Não por acaso que Leo Strauss fará na sua obra maior – DIREITO NATURAL E HISTÓRIA – a demonstração de que a modernidade é, ela mesma, um mergulho integral na loucura coletiva, já descrita na obra imortal de Miguel de Cervantes.

Na mesma linha está a obra de Eric Voegelin. Aqui quero sublinhar seu ensaio “Liberalismoand history”, publicado originalmente em “Thereview of politics”, Vol 36, nº 4 (Outubro de 1974). Com elegância e erudição Voegelinmostrou aqui o movimento interno da modernidade depois da ruptura com o cristianismo e a filosofia clássica. Desde então haverá uma sucessão de revoluções, contra-revoluções, restauração e conservadorismo,todos elementos do drama moderno oriundos da ruptura original. O liberalismo é ele mesmo essencialmente revolucionário, mas toda revolução gera o seu contrário e o próprio liberalismo acabou por ser ele mesmo a variante que precisa controlar a anarquia revolucionária, estabilizando-a.

Voegelin sublinhou quatro dimensões ou conceitos associados ao liberalismo: o político, o econômico, o religioso e o científico. Há uma tendência a se olhar a doutrina liberal apenas sob a ótica dos dois primeiros. O liberalismo político logrou grande parte da sua aceitação e legitimidade porque a luta contra os abusos do poder absolutista carregava em si um elemento óbvio de justiça, propondo a separação de poderes e a limitação do tamanho do Estado. Da mesma forma, o liberalismo econômico, que demonstrou cientificamente a superioridade da ordem fundada no Estado mínimo e nas livres trocas, com o mínimo ou a total ausência de regulação.

O aspecto religioso do liberalismo, que inicialmente se identificou com a Reforma e, posteriormente, com o materialismo ateu, é a sua ponte mais ostensiva com os movimentos coletivistas revolucionários da mesma natureza. Por isso que os liberais estão na linha de frente em questões como o aborto, gaysismo, a eutanásia, a liberação das drogas e a livre sexualidade (e a destruição do casamento monogâmico tradicional, sua conseqüência inevitável). Talvez por isso que nos EUA “liberal” equivale a esquerdista, pois aqui não há que se fazer distinção: ambos comungam da rebelião contra Deus. A adoção das doutrinas epicurista e estóica (utilitarismo e centralidade imanentista no ego como um substituto de Deus) é elemento que torna o liberalismo e o marxismo, por exemplo, uma única e mesma realidade política doutrinal.

No âmbito da pesquisa científica a coisa é ainda mais clara. Voegelin demonstra que Augusto Comte será o filósofo que influenciará fortemente as ciências no século XX (aqui nos referimos às ciências sociais), de tal sorte que se projeta no mundo científico todas as conseqüências do materialismo ateu. O resultado é duplo: o relativismo e o niilismo, conforme o autor demonstrará em outra obra (A NOVA CIÊNCIA DA POLÍTICA).

É por isso que o argumento liberal não pode ser usado eficazmente para combater o irracionalismo e a anarquia revolucionária. É o mesmo que querer apagar fogo com querosene. É por isso que a tese degenerada dos direitos humanos prospera em todo o mundo, sob o patrocino da ONU e os braços cruzados dos liberais. Nenhum comentário político hoje deixa de se remeter a essa tolice teórica dos direitos humanos. Veja-se o recente caso da morte do cubano em greve de fome, coincidente com a visita de Lula a Fidel. Todos os comentaristas disseram que Lula se esqueceu dos direitos humanos, por ele outrora defendidos. Não viram que a locução “direitos humanos”não passa de slogan revolucionário que tem plasticidade suficiente para se aplicar a qualquer situação no rumo da revolução.

Direito humanos estão além do cinismo habitual da política, situam-se na crença profunda dos revolucionários de que vale tudo para se chegar à perfeição revolucionária. Tudo se legitima para se chegar a esse objetivo que, se sabe de antemão, é inatingível. Só tolos que não conhecem o conteúdo teórico escondido por detrás da locução para se escandalizar com gestos como os de Lula.

O liberalismo dito “clássico”, basicamente aquele compreendido na dimensão econômica e política, foi derrotado inexoravelmente desde o século XX. O agigantamento do Estado mostra que mesmo na sua dimensão econômica ele desapareceu. Não serve mais de elemento de estabilização política. A única força capaz de fazer frente ao movimento revolucionário em curso é o retorno à ciência política clássica. Ou seja, contra os direitos humanos revolucionários existe apenas o direito natural clássico.



VAMOS TRABALHAR JUNTOS?

18 de fevereiro de 2010
Klauber Cristofen Pires


Eu vou comentar mais uma vez sobre as constantes críticas que os conservadores lançam sobre os liberais. A idéia corrente entre eles é a de que os liberais oferecem como proposta para a sociedade tão somente um plano formal de eficiência econômica, e são destituídos de coisas como valores morais ou religião. Não tendo nada o que oferecer além disso, sobra o oco, que é preenchido pelos movimentos sociais tais como o gayzista, o abortista, o ateísta, o feminista, o ambientalista e outros de estirpe parecida.

Eu preciso dizer que os conservadores incorrem em engano de perspectiva. Para que se entenda melhor como isto se processa na prática, utilizemo-nos, como estudo de caso, da questão da luta pela retirada dos crucifixos das repartições públicas, promovidas recentemente pelo 3º PNDH (e desde muito antes, que se diga). Os conservadores querem mantê-los, e acusam os liberais de apatia. Entretanto, por que motivo um liberal haverá de lutar pela permanência de crucifixos nas repartições, se são elas o que ele quer extinguir? Quem pensa em colocar rodas de liga leve em um carro à venda?

É preciso que se diga algo sobre o assunto em questão: é verdade que os conservadores se ocupam mais com estes assuntos do que os liberais. Que bom que o mundo tem conservadores para lutar contra todas estas coisas. Todavia, eu ouso dizer que estes movimentos constituem uma força secundária, estando para a revolução socialista como a cavalaria para um campo de batalha. A cavalaria, aquela ainda montada, não era usualmente uma tropa de frente, mas de limpeza de terreno; os cavalarianos entravam em combate num segundo momento, pelos flancos, para cortar a cabeça dos inimigos já cansados, e muitas vezes resignados.

Se olharmos para as conquistas do Foro de São Paulo, veremos que em todos os países, à exceção do Brasil - e talvez da Argentina - a estratégia foi partir pra cima logo de cara com a "infantaria": a destruição da propriedade privada.

A propriedade privada não serve apenas como um fator de desenvolvimento econômico. Ela serve principalmente para o cidadão dar um chute no traseiro de quem ouse se meter na sua vida ou bulir com os seus filhos. Os liberais entendem que, dentro de uma sociedade que proteja a propriedade privada de acordo com o seu fundamento, os grupos de pressão coletiva gayzistas, abortistas e afins não têm o que reivindicar (ou impor).

Hoje, a Igreja Católica e provavelmente outras evangélicas se opõem ao aborto. Porém, quando a propriedade privada for para o farelo, o governo comunista passará por sobre padres e pastores com um trator, e pode ser que isto aconteça literalmente. Aliás, ele fará o que quiser com qualquer um.

A infantaria comunista - o ataque à propriedade privada - ataca com três divisões: a tributação, a regulação e o controle das comunicações.

Muitas pessoas talvez não saibam, mas o antigo Código Comercial, aquele editado no tempo do Brasil Império, proibia, por qualquer motivo, "por mais especioso" que fosse, que os livros contábeis dos comerciantes fossem abertos. No tempo do Império, a maior parte dos impostos era cobrada, como eu aqui vou cunhar, "da porta pra fora": os tributos recaíam sobre importações e exportações, sobre selos e outras atividades externas às portas do negócio. Com o advento da República, aos poucos começaram a ser instituídos impostos sobre o faturamento, os lucros e a folha de pagamentos, até que hoje os fiscais do governo têm entrada (e conhecimento) livre do que se passa nas empresas, vulnerando-as quanto às suas estratégias comerciais e seu acervo tecnológico. Digo mais: um fiscal pode até mesmo ocupar a cadeira do diretor e mandar ele arranjar o que fazer enquanto ele vasculha os documentos que precisa.

Hoje o estado se comporta como o sócio majoritário das empresas. No Pólo Industrial de Manaus, cada peça do Processo Produtivo Básico (PPB) precisa da anuência do governo para que a licença para a produção de um produto seja concedida. Nas fábricas de bebidas, medidores são instalados nas tubulações para registrar in loco a vazão e ali mesmo ser levantado o crédito tributário. Com a Substituição Tributária Progressiva, a propriedade privada deixou de vez de ser de seus donos, pois o estado já ordena a cadeia produtiva, estipula de antemão os preços das operações seguintes e cobra na fábrica os tributos tanto do fabricante quanto do atacadista e do varejista, como se eles fossem simples departamentos de um só negócio (claro, não sem razão: o negócio do governo).

No lado regulatório, comendo o mingau pelas bordas, de tal forma o estado foi tomando o lugar dos donos originais que literalmente hoje não há praticamente nada que possa estar sob a criatividade da livre iniciativa. As relações trabalhistas são definidas nos mínimos detalhes. Muitas vezes, as empresas são obrigadas a contratar só porque o estado lhes impõe este ônus. Na verdade, elas se amontoam de forma que às vezes, se se senta cumprir um artigo, descumpre-se outro: o empresário está enquadrado de qualquer jeito! Quer um exemplo? Tente organizar uma escala de serviço de turno ininterrupto de trabalho à risca da lei: simplesmente é impossível. Porém, não acaba aí: toda a contabilidade é definida pelo governo; o modo de comercializar também, assim como até regras para embalar, fazer propaganda e até receber!

Do lado das comunicações, a história é conhecida: o governo leva os louros e as empresas pagam a conta. Quando contratam mais gente, é o governo que se apresenta na tevê como o responsável pela criação de milhares de empregos, e por qualquer coisa que não vá indo bem, a culpa vai para os empresários gananciosos. A idéia de uma imprensa atuante é um sonho, desde que as tevês e rádios operam sob concessão pública. No sistema de ensino, a grade curricular é ensinada conforme os ditames estatais.

Tomemos um conservador ilustre. Será que assim podemos considerar o presidente Castelo Branco? Eu tenho uma profunda admiração por este grande brasileiro: foi primeiro lugar no Colégio Militar, na Academia, e em toda a carreira. Herói de guerra, homem de reputação ilibada, liderança indiscutível, cultura ímpar e coragem de sobra. Eu tenho certeza que debaixo de sua caneta toda esta turma de gays, abortistas e caçadores de crucifixos não teria vez. Porém, foi em seu governo que foi sancionado o Estatuto da Terra, e com ele, a sujeição da propriedade privada à estipulação de um índice de produtividade. Desde este dia não existe mais a propriedade rural privada, senão como uma concessão hoje sob os critérios discricionários do MST.

Eu apresento este exemplo para demonstrar como em geral os conservadores defendem a propriedade privada, mas o fazem amiúde sob considerações as mais das vezes meramente generalistas e perfunctórias. Não há um aprofundamento da questão, e por isto, ano após ano, fatias bem finas têm sido retiradas deste instituto que nasceu para nos proteger das garras do estado.

Se alguém perguntar a um conservador qual a sua receita para a economia, ele dirá que defende o..."liberalismo econômico", um conceito, claro, emprestado da doutrina liberal. E olhe que aqui estamos falando de conservadores vindos da tradição norte-americana; na Europa, o conservadorismo está ligado a um sistema que o filósofo Hans-Hermann Hoppe reputa como...socialista! O conservadorismo europeu, segundo o pensador alemão, consiste no sistema voltado para a proteção ao valor da propriedade, isto é, à proteção da propriedade dos atuais donos contra o ingresso de novos no mercado. Regulações, subsídios, quotas e produção sob prévia licença são seus principais instrumentos.

Há alguns meses atrás, eu enviei uma mensagem à CNA, explicando tim-tim por tim-tim como e porquê a propriedade privada deve ser considerada e defendida, e sugeri o fim do índice de produtividade, e parece que fui ouvido, pois este item constou da pauta de temas sob discussão daquela entidade. É o início, depois de quase cem anos de influência socialista.

Concluindo, eu francamente não pretendo injuriar os conservadores. De novo, repito, tenho como nobre a missão que cada um deles atribui a si mesmo. Apenas o que peço é que compreendam que os liberais também fazem a sua parte, atuando em uma frente por eles pouco guarnecida. Se o movimento revolucionário é multidisciplinar, porquê também nós, os seus oponentes, não devemos ser? Pois eu digo que devemos combatê-los com a máxima amplitude.




quinta-feira, 4 de março de 2010



A CAMPANHA DA FRATERNIDADE VISTA POR DOIS CATÓLICOS


Valter de Oliveira



Nosso amigo leitor já leu em nosso blog artigos de Aleksandro Clemente e Percival Puggina. O primeiro, bastante jovem, é um grande batalhador católico em defesa da vida. Conheço-o pessoalmente e espero que nossa jovem amizade cresça cada vez mais. O segundo é um veterano na defesa da fé, da liberdade e da democracia. Como ele mora no Rio Grande do Sul só tenho o prazer de ler seus artigos. Também o considero um amigo que gostaria de abraçar.

Para surpresa minha, ao ler seus artigos nesta semana, vi que abordaram a Campanha da Fraternidade de modo diferente. Aleksandro mostra o que vê de positivo. Puggina vê perigo no modo como a CNBB aborda o tema da economia e da justiça social. Terá razão? Leiam e tirem suas conclusões. Ou aguardem eventual resposta do Vaticano...





FRATERNIDADE, ECONOMIA E VIDA






Aleksandro Clemente


03/03/2010


Mais uma vez a Igreja brinda o povo brasileiro com uma importante reflexão. Nesta quaresma, tempo de penitência e conversão, a Campanha da Fraternidade (CF) aborda o tema: Economia e Vida, com o lema: "Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro" (Mt. 6,24). A campanha ressalta, mais uma vez, a importância de defendermos a vida e a dignidade do ser humano, bens que estão acima de todos os outros, inclusive dos bens materiais que por ventura o dinheiro possa comprar. Lembra-nos a palavra: "Cuidado! Guardai-vos de toda ganância; não é pelo fato de um homem ser rico que ele tem a vida garantida pelos seus bens" (Lucas 12,15).


A CF deste ano ensina que a economia deve ser orientada antes de tudo para o bem comum e que não se deve aceitar um modelo econômico que vise em primeiro lugar o lucro, sem se importar com as pessoas. Segundo os dados apresentados pela CNBB, chegaremos ainda este ano a 1,02 bilhões de pessoas passando fome (ONU); há no Brasil mais de 10 milhões de indigentes e mais de 40 milhões de pobres (IETS). Esses números mostram que a pobreza e a exclusão social atingiram índices intoleráveis e incompatíveis com a fraternidade cristã. Não é possível ao cristão ficar indiferente a essa situação que reforça a desigualdade e amplia o abismo existente entre ricos e pobres. O pior é saber que toda essa pobreza não é obra do acaso, mas o resultado de opções por modelos econômicos intrinsecamente injustos.


A Igreja lembra-nos que a sociedade precisa se guiar para a prática de uma economia de solidariedade, de cuidado com a criação e de valorização da vida como o bem mais precioso. Para isso é preciso investir na relação entre as pessoas; a economia deve estar a serviço do ser humano e deve-se dar oportunidades iguais para todos. Não por acaso a Campanha da Fraternidade desde ano é ecumênica, para conclamar todas as Igrejas, todas as religiões e a sociedade em geral para ações sociais e políticas que levem à implantação de um modelo econômico de solidariedade e justiça.


Ser rico não é pecado, desde que os bens tenham sido conquistados com honestidade. Mas a avareza e a indiferença para com o irmão necessitado são algumas das piores ofensas que se pode praticar contra Deus e contra o próprio homem.



Dr. Aleksandro Clemente é Advogado, Professor de Direito e Bioética em São Paulo. Pós-graduado em Direito pela Universidade Mackenzie e em Governo e Poder Legislativo pela UNESP. É membro da Comissão de Direito Político e Eleitoral da OAB/SP e Coordenador da Comissão de Bioética e Defesa da Vida da Diocese de São Miguel Paulista

Blog: http://aleksandroclemente.blogspot.com

Msn: dr.aleksandro@hotmail.com

E-mail: aleksandroclemente@hotmail.com





ERROS DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE





Percival Puggina


Entristece-me o fato de a CNBB jamais esclarecer que ela não é a Igreja Católica. A CNBB é um ente burocrático, um órgão de apoio, de auxílio aos bispos. No entanto, o silêncio sobre sua verdadeira natureza faz com que, entendida como “a” Igreja Católica (algo infinitamente superior ao que a CNBB de fato é), ela se misture e nivele a outras organizações da sociedade (OAB, ABI, CUT, MST, etc. e tal). É uma pena.

A minha consternação se agrava, contudo, pela reiteração de certos equívocos que ficam bem nítidos na atual Campanha da Fraternidade. Um deles está na confusão entre os campos da Economia e da Política. Os documentos da CNBB são useiros e vezeiros em misturar essas duas esferas da atividade humana, atribuindo à primeira aquilo que é próprio da segunda. Como consequência, pretendem conferir aos agentes econômicos obrigações inerentes às instituições políticas. Trata-se de uma desatenção ao próprio pensamento católico, que reconhece a autonomia das duas esferas. De um sistema econômico se espera que produza, ao máximo de suas possibilidades, riqueza, desenvolvimento, postos de trabalho, tributos e renda, ou seja, condições materiais para a melhoria dos padrões de vida da sociedade. É o que pede a Campanha da Fraternidade de 2010? Não. Ela, enquanto aponta idolatrias e excessos que todos condenam, quer que o sistema econômico nacional, priorizando a partilha e a solidariedade, rejeite as exigências do mercado, do consumo e do lucro. E gere empregos e tributos com penitência e oração?

Toda consciência bem formada se revolta com as tragédias da pobreza material, feitas de analfabetismo, baixo nível educacional e cultural, más condições habitacionais e sanitárias, abandono dos aposentados. Feitas também por corrupção, esbanjamentos, mordomias, absurdos desníveis na remuneração do serviço público e maus governos. Não é com a superação desses embaraços que venceremos a miséria e os desníveis sociais? Pois é tudo campo da Política! Miséria e desníveis sociais são temas para os poderes públicos, que se apropriam de 40% do PIB nacional! As justas preocupações com partilha e solidariedade deveriam focar, principalmente, essa brutal ruptura com o Princípio da Subsidiariedade. É grave erro da Campanha não dizer que os problemas do Brasil são muito mais políticos do que econômicos. Muito mais institucionais do que empresariais. Bons governos, com boas políticas, enfrentam essas dificuldades valendo-se da competente operação do setor privado.

Outro erro, ainda, está na influência marxista que se derrama sobre boa parte dos documentos da CNBB. Neles, o pobre, o pobre do Evangelho, sob influxo da mais do que reprovada Teologia da Libertação (TL), vira excluído. E fica subentendido que o excluído está excluído porque o incluído não o quer dentro. Assim, o apelo evangélico à caridade se converte em luta de classe. E saiba leitor, que Bento XVI, ainda agora, no dia 5 de dezembro, olho no olho, advertiu os bispos brasileiros do Sul III e IV contra “os princípios enganadores da TL” e para “o perigo que comporta a assunção acrítica, feita por alguns teólogos, de teses e metodologias provenientes do marxismo, cujas sequelas mais ou menos visíveis, feitas de rebelião, divisão, dissenso, ofensa e anarquia fazem-se sentir ainda, criando, nas vossas comunidades diocesanas, grande sofrimento e grave perda de forças vivas”. Será preciso dizer mais?

ZERO HORA, 28/02/2010




CARTA À CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ


Percival Puggina

Senhores,

Na condição de fiel leigo, atuante em movimentos da nossa Igreja Católica, levo a essa nobre Congregação a minha inconformidade perante o que vem acontecendo na Conferência dos Bispos do Brasil. Os fatos não são estranhos ao conhecimento de Sua Santidade, o Papa Bento XVI. Falando aos bispos brasileiros do Sul III e IV, em visita ad limina, no dia 5 de Dezembro do ano passado, ele usou palavras muito claras ao adverti-los contra “os princípios enganadores da Teologia da Libertação” e para “o perigo que comporta a assunção acrítica, feita por alguns teólogos, de teses e metodologias provenientes do marxismo, cujas sequelas mais ou menos visíveis, feitas de rebelião, divisão, dissenso, ofensa e anarquia fazem-se sentir ainda, criando, nas vossas comunidades diocesanas, grande sofrimento e grave perda de forças vivas”.

Pois bem, nestes dias quaresmais, está em curso uma nova Campanha da Fraternidade, desta feita ecumênica, sob cujas sombras brilham citações evangélicas e sob cujas luzes se insinuam leituras marxistas da realidade social brasileira, afinadas com aquela reprovada subteologia.

Soma-se a tais distorções, na Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, um profundo desconhecimento das autonomias inerentes a duas esferas da atividade humana – a da economia e a da política. Assumindo critérios de interpretação próprios do marxismo, ela busca atribuir à economia de mercado tarefas que são próprias da política – esta sim, responsável pelos principais fatores que dão causa à miséria e às profundas desigualdades sociais do nosso país: analfabetismo, baixo nível intelectual, péssimo sistema educacional, deficiências culturais, má distribuição de renda, políticas monetárias, desníveis salariais do setor público, apropriação de 40% do PIB nacional pelo Estado, corrupção, descontrole do gasto público, bem como mordomias, luxos e prodigalidades custeados com recursos dos contribuintes. Não, não é a economia de mercado que dá causa aos problemas sociais brasileiros. É da má política e da inadequação de nossas instituições que tais males derivam.

Muito conviria a essa Congregação conhecer o desconforto e a rejeição suscitada pela atual Campanha, que, de modo solerte, confunde idolatria com economia de mercado e recua em relação à Doutrina Social da Igreja quando propõe vagos modelos “alternativos” de organização da atividade econômica “que privilegiem a solidariedade e a partilha”, sem nada explicitar concretamente ou apontando para instrumentos consagrados há mais de um século (como o cooperativismo em harmonia com a economia de mercado) ou, ainda, para o retorno às fracassadas experiências do socialismo. E, por outro viés, silencia sobre a firme orientação que o Santo Padre João Paulo II explicitou com tanta clareza nos nºs 41 e 42 da Centesimus Annus.

É preciso atentar para a gravidade da situação. A totalidade da opinião pública e da imprensa brasileira confunde a CNBB com “a” Igreja. Quando alguém se manifesta nessa organização, seja o presidente, seja um assessor, as manchetes falam em manifestação “da” Igreja. A Campanha da Fraternidade é “da” Igreja. Seus temas e seus lemas também são vistos assim. Jamais, alguém da estrutura da organização faz a necessária distinção e esclarecimento, estimulando uma fusão e uma confusão que, ao que se infere, bem lhes convém.

Não bastasse furtar a riqueza espiritual da Quaresma para fazer dela um tempo de polêmica e radicalização política e ideológica, envolvendo o ano litúrgico em questões temporais e políticas desviadas da sã doutrina e da orientação pontifícia, a CNBB acaba de providenciar aos leigos brasileiros uma nova surpresa.

Periodicamente, a assessoria da instituição (o mesmo grupo de assessores que fornece a carne, os ossos, as cartilagens e o animus de seus documentos oficiais) emite “Análises de conjuntura”. São textos que, se despidos dos eventuais recursos ao léxico religioso, poderiam constituir editoriais do Granma. Vêm, é verdade, com a observação de que não constituem “opinião oficial da entidade”. Mas são acolhidas no site da CNBB, redigidas no seu estilo e pisam nas mesmas areias movediças por onde andam muitos de seus textos oficiais e oficiosos.

Agora, em plena efervescência das contestações à CFE de 2010, a mais recente “Análise de conjuntura” sugere, claramente, a continuidade do governo Lula, através da pessoa indicada por ele para o suceder, posto que a eleição do oposicionista José Serra representaria “o retorno da política neoliberal anteriormente efetivada por Fernando Henrique Cardoso, dialogando com os interesses do empresariado nacional e do capital internacional”.

O assunto trouxe a CNBB novamente ao noticiário, com ela arrastando “a” Igreja Católica para o torvelinho do debate político e para as matérias de opinião. Esse não é o campo próprio da Igreja. Mas, repita-se, o ingresso da CNBB e de suas pastorais nesse jogo, com tal fardamento ideológico, não é novidade na cena brasileira. A CNBB e a maior parte de suas pastorais, seus documentos oficiais e não oficiais, sempre serviram às partidas disputadas pelo Partido dos Trabalhadores e pelas organizações da sociedade por ele lideradas. Mudam a música, mas não a letra. A identificação é tanta que a imprensa brasileira surpreendeu-se quando a CNBB veio a público reprovar certos preceitos do decreto presidencial que instituiu o Plano Nacional de Direitos Humanos, nos últimos dias do ano passado. A coisa soou como arrufos entre parceiros.

É uma pena. E penso que esteja a demandar uma atitude da Santa Sé para coibir abusos e desvios que tumultuam a vida da Igreja em nosso país, espalhando entre os fiéis a rebelião, a divisão, o dissenso, a ofensa e anarquia tão precisamente apontadas por nosso querido pontífice Bento XVI. Os problemas criados “na” e “pela” CNBB só se resolverão com uma total remodelação das estruturas de sua burocracia funcional e com a substituição dos atuais assessores. Eles evidenciam ter com seus vínculos ideológicos um compromisso muito superior do que com as angústias pastorais das dioceses. E arrastam a imagem da Igreja por esses descaminhos.

Em união de fé e amor ao Cristo Redentor.


Percival Puggina
Arquiteto, empresário e escritor em Porto Alegre, Brasil.
E-mail: puggina@puggina.org