Valter de Oliveira
Mais uma eleição. Tivemos candidatos a vereador e à Prefeitura. Os 55 primeiros já foram eleitos. Os dois candidatos que ficaram para o segundo turno continuam debatendo e apresentando suas propostas. Como é habitual, infelizmente, sempre temos verdades e mentiras. Assim sendo, para facilitar a compreensão do processo político municipal vamos apresentar alguns esclarecimentos indicando, préviamente, alguns problemas.
1. A fulanização da política.
Fulanização? Isso mesmo. Fulanizar é transformar a escolha eleitoral em um jogo no qual o que importa é a pessoa. Aí, enfatiza-se mais as pretensas qualidades de um ou outro candidato e deixa-se em segundo plano princípios, valores, ideologia partidária, etc. Assim, como vimos na atual eleição, os candidatos se preocuparam mais em atacar pessoalmente os adversários do que discutir os problemas da cidade.
Todos têm culpa? De certo modo sim. Igualmente? Não. Se você assistiu os debates sabe muito bem quem foi que mais procurou atacar a honra do outro.
A fulanização fica mais flagrante quando um candidato se apresenta como capaz de resolver os problemas da cidade simplesmente porque ele é bom, porque promete muitas coisas Ao fazer isso faz um desserviço à democracia, procurando enganar o eleitor. Por quê? Porque passa ao eleitor a ideia que ele, em um cargo executivo, poderia agir com mais autoridade do que um antigo rei absoluto. Não pode. Para muitas de suas promessas ele depende da aprovação dos vereadores. O prefeito pode elaborar o orçamento que inclui onde e quanto vai gastar em determinado ano. É a chamada LOA, Lei Orçamentária Anual. Mas, aí está aquestão. Tudo tem que ser aprovado pelos vereadores. Eles podem aceitá-la ou não. Podem também fazer emendas que modifiquem o que foi proposto.
É assim que agem os candidatos? Explicam isso a você? Ou dizem que a partir de 1º de janeiro, caso eleitos, já começam modificando o que bem entenderem?
Quando uma eleição é fulanizada fica mais fácil o candidato procurar enganar o eleitor. Um exemplo: Lula e Dilma, em campanhas eleitorais, sempre disseram que eram pessoalmente contra o aborto. Até D. Marisa entrava no meio porque se dizia que ela assim pensava. Pronto. Muita gente ficou tranquila. Confiaram na pessoa, no candidato. Não ligaram Lula e Dilma ao PT, que é oficialmente favorável à eliminação dos nascituros pelas mais diferentes razões. Não foram informados que norma interna do PT permite a expulsão de deputado federal que divirja da orientação partidária neste assunto. Mal informados, votaram em Lula e Dilma. Eleitos, o que deveriam ter feito? Muito simples. Escolhido Ministros da Saúde de acordo com o que declararam nas eleições, ou seja, com ideologia pró-vida. Fizeram isso? Não! Muito pelo contrário. Escolheram ministros que procuraram favorecer a interrupção da gravidez. Uma enorme contradição.
Se ficasse claro na eleição que é o partido ou a coligação de partidos que apoiam uma determianda visão política, bem clara, tudo ficaria mais compreensível para o eleitor.
2. É difícil, se não impossível para o eleitor, compreender a viabilidade da proposta.
Suponha só coisas boas propostas pelos candidatos: mais hospitais, mais escolas técnicas, mais corredores de ônibus, etc, etc. A questão é: quanto custa? Quanto tempo leva para fazer? Com que qualidade? E em questões mais complexas, como segurança e educação? Estas estão ligadas a leis estaduais e federais bem como a ação dos respectivos Executivos. Nada fácil. Em suma, como diz o ditado popular, "Uma coisa é prometer, outra é fazer".
Lembre-se disso na hora de votar no domingo.
Amanhã tem mais.