sábado, 25 de abril de 2009


PEPSI COLA: CAMPANHA PRÓ GAY


Recebemos um artigo divulgado pela Noticias Globales referente à postura da PepsiCo nos Estados Unidos em relação ao movimento Gay e à questão da família. Vamos reproduzi-lo para que o amigo leitor veja como os propagadores da imoralidade atuam e como não mais se preocupam em esconder sua rejeição dos valores familiares e democráticos.


USA: BOICOTE À PEPSI: BLÁSFEMA E PRÓ GAY

Por Juan Bacigaluppi

A American Family Association (AFA) convocou outro boicote, esta vez contra a gigante de bebidas PepsiCo. A empresa promove ativamente a reengenharia social anticristã apoiando a “agenda gay”.

A gota que fez transbordar o copo foi a publicidade da PepsiCo no programa Family Gay, da cadeia FOX, no último dia 08 de março. O programa, no qual se blasfemou contra Nosso Senhor Jesus Cristo, foi qualificado pela AFA como “pervertido e repugnante”.

PepsiCo. Empresa pró gay.

O apoio da Pepsi à agenda homossexual não é novo. Nos últimos dois anos concedeu um milhão de dólares para organizações que promovem o ativismo homossexual. Em concreto a metade desta quantidade foi recebida pela associação Families and Friends of Lesbians and Gays (Famílias e Amigos de Lésbicas e Gays - PFLAG) e será utilizada na formação de ativistas pró-gay (Life Site, 02-01-09).

A outra metade do dinheiro foi para a Human Rights Campaign (CDH), grupo que se autodescreve como “a maior organização de direitos civis que trabalha para obter a igualdade de lésbicas, gays e transsexuais”.

As duas organizações centraram seus esforços na Califórnia, nas eleições de novembro passado, para derrotar a Proposição 8 (NG 946), que estabelece o matrimônio como união entre o homem e a mulher. Em concreto, a CDH investiu 2,3 milhões de dólares para derrotar a proposta (1). Atualmente, pressionam a Corte do Estado para que faça caso omisso do resultado do plebiscito e legalize outra vez o mal chamado casamento homossexual (NG 895).

Insistência da AFA

A American Family Association (AFA) expressou reiteradamente seu mal-estar pela postura mantida pela Pepsi, já que “a empresa indicou que continuaria com o apoio financeiro das principais organizações homossexuais” segundo declaração do presidente da AFA, Donald Wildmon. Wildmon assegura que a multinacional “não tem intenção de ser neutra na guerra cultural. Em troca, a PepsiCo lançou todo seu peso e influência no apoio do movimento homossexual”.

Assim mesmo Wildmon declarou que “ao financiar a Families and Friends of Lesbians and Gays (PFLAG), PepsiCo e seus acionistas ajudam a promover o medo e a hostilidade contra a comunidade EX-GAY e heterossexuais”. E conclui:

A atitude da Pepsi é excludente: “Pepsi se nega a dar dinheiro a qualquer organização a favor da família que se oponha à agenda homossexual”,(2) afirmou Wildmon. Ademais afirma que os diretores da AFA nunca foram recebidos pela empresa, mas que somente receberam uma carta educada e Paul Boykas, diretor de política pública da Companhia. A AFA solicitou reuniões com os diretores da Pepsi duas vezes, a 14 e a 29 de outubro passado.

Impedir sair da homossexualidade

A PFLAG financiada pela Pepsi começou uma campanha de violenta pressão contra outra organização (a PFOX – Parents and Friends of ExGays and Gays) que tem por finalidade ajudar a quem abandonou a homossexualidade ou pretende abandonar este estilo de vida. (Life Site, 27-03-09). Promover a cura da homossexualidade é politicamente incorreto para a nova ordem mundial. PFLAG pretende que quem superou seu comportamento antinatural deve voltar a ele.

Boicote à Pepsi

(...)

A American Family Association convoca (a população) a “não comprar produtos da PepsiCo” e “que a empresa saiba que se está desenvolvendo um boicote "on line" a seus produtos e à sua empresa”. A AFA lembra que os produtos da multinacional são: Pepsi Cola, Mountain Dew, Sierra Mist, Mug Root Beer, Frito Lay chips, suco de laranja Tropicana; Gatorade, Quaker oatmeal, Chá verde Lipton, sucos Dole e água engarrafada Aquafina.

(...)


CONCLUSÃO (DO BLOG)

Como se vê a Pepsi “não tem a intenção de ser neutra na guerra cultural” e rejeita qualquer apoio a quem defenda a família baseada no direito natural. Pior: promove medo e antipatia contra os defensores da heterossexualidade.

É espantoso ver tanto empenho em propagar o que vai contra a natureza.

Pena que muitos não tenham tanto empenho em defender os verdadeiros valores humanos.

Está na hora de acordarmos. Adesão total ao boicote.

PEPSI: OUT OF OUR HOMES!



NOTAS

1. Observe-se que a proposta que estabelece que só há casamento na união do homem com a mulher foi amplamente vitoriosa no pleito californiano. O que não tem a mínima importância para a PFLAG. (nota do blog)

2. Os destaques em azul são nossos.

Fontes do artigo:

NOTICIAS GLOBALES, Año XII. Número 841, 16/09. Gacetilla nº 964. Buenos Aires, 03 abril 2009 964)
USA: BOYCOTT A PEPSI: BLASFEMA Y PRO GAY. Fuentes: Propias; Life Site; Forum Libertas, 16-01-09; http://www.boycottpepsico.com; NG 845, 931.


www.afa.net

sábado, 18 de abril de 2009


HOLOCAUSTOS E CRIMES CATÓLICOS – 2


Valter de Oliveira


NAZISMO: PIO XII E OS CATÓLICOS FORAM OMISSOS?

Para um dos críticos do artigo "Holocaustos: Crimes contra Deus e a Humanidade" não há nenhuma dúvida a este respeito. Ele é taxativo:

"Quanto a Hitler a igreja foi bem conivente e agora vem (vocês) com essa conversa de que o papa atuou nos bastidores, porém, nem todo mundo compra essa, aliás existem livros com pilhas de evidências sobre a inércia do papa".

Como foi visto até agora este missivista e os outros têm razão em dizer que houve católicos pró nazismo. E certamente houve quem ajudou nazistas a conseguir refúgio. Como há quem defenda os maus católicos de hoje. E outros que acobertam e protegem os que se apresentam como católicos e não o são. Curiosamente eles não citam os “católicos” brasileiros que decidiram ser terroristas e guerrilheiros para implantar o socialismo no Brasil. Será que não foram batizados? Muitos não passaram da Ação Católica para a AP (Ação popular)? Não chegamos a ter no Brasil um “maoismo cristão” com Herbert de Souza, o famoso Betinho e Cia? (1)

Por que não culpar esses católicos pelos crimes que cometeram? Por que não denunciar o cinismo das senhoras "católicas" pelo direito de decidir, ou seja, “católicas” pelo direito de matar inocentes? Ou esses são heróis que lutaram pela democracia?

Critico a todos esses como teria criticado Hitler, Pavelic, Mussolini e semelhantes se tivesse vivido na época. Não ficaríamos entusiasmados com suas realizações sociais: fim da inflação, do desemprego, recuperação do orgulho nacional, etc. Entendo que se apontasse males doutrinários alguém me olharia com desdém e diria: Olha o que ele faz pelo povo! Olha o fusca! Olha o fusca! Cá entre nós. Não me interessa o fusca, o bolsa-família ou o leve-leite. Interessa-me o modelo de Estado e de sociedade que um governo quer impor em meu país. E por isso me oponho a qualquer laicismo totalitário. Com ou sem bênçãos eclesiásticas.

Claro está que defendemos a punição para qualquer crime. Cometidos por socialistas ou fascistas. E também por católicos. Por crimes políticos ou comuns. Isso é exatamente o que ensina a moral católica. E aqui entra uma contradição dos críticos da Igreja. Quando ela desautoriza ou pune “católicos” extraviados o que eles gritam? Não há liberdade na Igreja! Autoritários! Inquisidores!

E lá vem a defesa de abortistas de sacerdotes guerrilheiros, como Camilo Torres, de teólogos sem fé. No passado também foi assim. Não quer apoiar o nazismo? Não é alemão! Não se deixa seduzir pela pretensa piedade de Pavelic? Não ama a Croácia! E tanto em um lugar quanto noutro poderia ser acusado de comunista ou de bajulador do capitalismo judaico... Nosso convite no primeiro artigo foi para rejeitarmos todos os crimes e por isso os denunciamos. Inclusive por quem os comete em nome da religião. Somos pró vida humana. Pró dignidade humana.

A Igreja teve, tem e terá filhos infiéis. Mas, por outro lado, a História aí está para atestar tudo o que, através de seus filhos, fez e faz pelo bem da humanidade. Para mostrar a beleza do martírio de milhões de cristãos que souberam ser fiéis às promessas do batismo, viver para Deus e para o próximo, ser sal na terra. Aqui mesmo no Brasil houve importantes figuras no laicato e no episcopado que combateram claramente o nazi-fascismo já bem antes do início da Guerra.

Mas, e Pio XII? E o Vaticano?

Que tal apelarmos para as maiores vítimas do nazismo? Vamos ver o que testemunharam os JUDEUS. Ralph McInerny, no seu livro The Defamation of Pius XII (“A Difamação de Pio XII”), cita o que judeus, famosos ou não, disseram naquele tempo, ou seja, durante a guerra ou logo após ela. (2)

1. O Dr. Alexandre Safran, rabino-chefe da Romênia, escreveu em 1944:

“Nestes tempos duros, nossos pensamentos, mais que nunca, voltam-se com respeitosa gratidão ao Soberano Pontífice, que fez tanto pelos judeus em geral... No nosso pior momento de provação, a generosa ajuda e o nobre apoio da Santa Sé foram decisivos. Não é fácil encontrar as palavras adequadas para expressar o alívio e o consolo que o magnânimo gesto do Supremo Pontífice nos deu, oferecendo vastos subsídios para aliviar os sofrimentos dos judeus deportados. Os judeus romenos jamais esquecerão esses fatos de importância histórica.”


2. O rabino-chefe de Jerusalém, Isaac Herzog, enviou pessoalmente uma mensagem de agradecimento a Pio XII em 28 de fevereiro de 1944, na qual diz:

“O povo de Israel nunca esquecerá o que Sua Santidade e seus ilustres representantes, inspirados pelos eternos princípios da religião que formam as próprias fundações da civilização verdadeira, estão fazendo pelos nossos desafortunados irmãos e irmãs no momento mais trágico da nossa história, o que é a prova viva de que a Providência Divina age no mundo”.

3. E não faltou o agradecimento do Rabino-chefe de Roma, Israel Zolli:

“O que o Vaticano fez ficará indelevelmente gravado em nossos corações Sacerdotes e altos prelados fizeram coisas que sempre honrarão o catolicismo”.

Depois da guerra, Zolli tornou-se católico e, para homenagear o Papa pelos seus feitos em favor dos judeus e pelo papel que teve na sua conversão, escolheu o nome de Eugenio como nome de batismo (lembremos que Pio XII se chamava Eugenio Pacelli antes da eleição).

No seu livro Three Popes and the Jews (“Três papas e os judeus”), Lapide estima o número de judeus poupados graças às ações clandestinas da Igreja sob Pio XII. Após totalizar os judeus salvos em diferentes regiões e deduzir aqueles salvos por outras causas, tais como os nobres esforços de alguns protestantes europeus, escreve: “A quantidade final de vidas judias salvas pela Igreja Católica é, pois, no mínimo, de 700.000 almas, mas com bastante probabilidade está perto de 860.000”. Esse número ultrapassa o total de judeus salvos por todas as organizações européias de auxílio juntas. Lapide calcula que a Igreja de Pio XII constituiu a mais bem-sucedida organização de assistência aos judeus de toda a Europa em guerra, superando a Cruz Vermelha e todas as outras instituições.(destaque nosso)

4. GOLDA MEIR

"Nós compartilhamos do grande pesar que atinge o mundo por causa da morte de Sua Santidade Pio XII. Durante os dez anos do terror nazista, quando o nosso povo passou pelos horrores do martírio, o Papa levantou a sua voz para condenar os perseguidores e condoer-se das vítimas”
(Golda Meir, então representante de Israel na ONU e futura primeira-ministra israelense).


5. ALBERT EINSTEIN:

“Apenas a Igreja Católica protestou contra a violação da liberdade por Hitler. Até então, eu nunca me havia interessado pela igreja, mas hoje sinto uma grande admiração por ela, que teve a coragem de combater sozinha pela verdade espiritual e pela liberdade moral”.


Conclusão: Precisa?

NOTAS

1. GORENDER, Jacob. Combate nas trevas. A esquerda brasileira: das ilusões perdidas à luta armada. 3ª edição. São Paulo, 1987. Cap. 16.

2. As citações que fazemos foram retiradas do artigo Pio XII e a Segunda Guerra Mundial, escrito por James Akin. O artigo completo está em nosso site na seção de Igreja Católica.

sexta-feira, 17 de abril de 2009


Holocaustos e Crimes Católicos - 1



Valter de Oliveira



Meu artigo “Holocaustos: crimes contra Deus e a humanidade” provocou a irritação de um leitor anônimo (denominou-se “Realidade”) que me acusou de não condenar os holocaustos promovidos por católicos. Coloquei sua mensagem no blog e respondi. Pensei que o caso estivesse encerrado. Ledo engano. Recebi, da mesma pessoa, outra postagem, mais uma vez criticando violentamente a atuação da Igreja na Croácia, na Segunda Guerra, e na África. Outros seguiram o mesmo caminho. Simplesmente acrescentaram mais algumas críticas. (1)


De início tinha decidido não colocar novas postagens no blog, pois julguei que já havia me expressado claramente e nada haveria a acrescentar. Entretanto, como havia prometido escrever artigos contra o nazismo e também em defesa de Pio XII decidi voltar ao assunto e precisar mais ainda meu pensamento.


Se fosse responder a cada ponto dos missivistas teria que escrever um livro. Atenho-me assim a alguns pontos essenciais que creio que são suficientes para demonstrar que têm uma falsa visão da Igreja e da História. Falsa não porque todas as acusações sejam erradas, mas porque são parciais. Como dizem os franceses: la verité est dans les nuances. A verdade está nos matizes. Matizes difíceis de serem vistos por quem está apegado a uma visão ideológica.

Evidentemente deixo de lado críticas infantis sobre a Bíblia, o dilúvio e coisas semelhantes.

Em suma, quais são as grandes acusações dos missivistas contra o artigo e minha postura no blog?


1. Não haver mencionado o genocídio praticado pelo governo croata Ante Pavelic contra os sérvios ortodoxos. Croatas de um governo nazista “católico” que teria sido apoiado por setores da hierarquia.


2. Não ter citado crimes de católicos na África. Ademais o Vaticano - como já fizera no passado com nazistas – estaria acobertando novos criminosos. Ou defendendo-os – como aconteceu com duas freiras – para evitar que fossem punidas por tribunal de Direitos Humanos na Bélgica.


3. Um dos missivistas afirma que as religiões são culpadas por tantos crimes. E não os ateus...


Em suma o artigo foi criticado porque pretensamente não reconhece crimes praticados por católicos. E a Igreja, conivente com tantos males, não teria autoridade moral para criticar os crimes de marxistas e de abortistas.


POR QUE TANTA INDIGNAÇÃO?


Vamos relembrar um pequeno trecho do que escrevi no artigo citado:


Que a ONU, todas as igrejas cristãs, todos os líderes religiosos do mundo inteiro, todos os que justamente defendem a dignidade humana condenem publicamente todos os crimes praticados por Lênin, Stalin, Mao Tse Tung, Pol Pot e quaisquer outros criminosos políticos. Que se faça um monumento em homenagem a tantas vítimas inocentes. Que se exija dos defensores de tantas atrocidades que publicamente peçam perdão por defender o indefensável.


Será que os críticos do artigo esqueceram de ler a parte que aqui grafei em azul?


Esqueceram de ler o que escrevi em minha primeira resposta sobre eventuais crimes praticados por quem loucamente se disse católico e era ao mesmo tempo nazista? Não escrevi que catolicismo e socialismo (nacionalista ou internacionalista) são incompatíveis?


Afirmar que pode haver nazismo católico é tão absurdo quanto dizer que marxista é quem defende a propriedade privada dos meios de produção, a legitimidade do lucro, a livre iniciativa e o livre mercado. Que protestante tem grande empenho em propagar o culto à Virgem Maria, que espírita nega a reencarnação, que todo triângulo tem cinco lados, que o círculo é quadrado, que saci pererê anda de trenó. É a lógica dos missivistas.


Foi por isso que escrevi que não se deve confundir o rótulo com o conteúdo. Não basta se dizer católico. Ou mesmo afirmá-lo. Nem mesmo participar de procissão, freqüentar a mesa de comunhão; ou usar paramentos. (2)


As críticas foram feitas por materialistas, laicistas, talvez marxistas. Neste sentido é natural que não compreendam o que é a Igreja. Falha que existe até mesmo em nossos irmãos na Fé. E que podem ser fáceis presas de ideólogos políticos. E por isso procuramos alertá-los contra estes.


Talvez os missivistas tenham ficado incomodados porque apontamos os genocídios praticados por marxistas. Provadamente os maiores da História da Humanidade. E o genocídio dos inocentes de nossos dias, praticados e defendidos por todos os que negam o direito natural e defendem a cultura da morte.


O SER HUMANO E A IGREJA


O escândalo dos missivistas – e de muita gente, como vimos em recentes debates na mídia - contra erros na conduta de católicos tem sua raiz no desconhecimento do que é o ser humano e do que é a Igreja.


1. A doutrina católica nos ensina que a natureza humana é boa, mas que todos nós fomos atingidos pelo pecado original. Devido a isso temos uma inclinação para o mal que nos dificulta a prática da virtude que não conseguimos praticar duravelmente sem o auxílio da graça. Assim, católicos podem cair nas mesmas misérias morais que qualquer ser humano. E não importa se são leigos ou religiosos, sábios ou ignorantes.


2. A Sagrada Escritura está cheia de exemplos confirmando esta verdade. Fiquemos só na relação de Cristo com os Apóstolos.


Estes foram chamados para seguir o Mestre. Acompanharam-no, viram seus milagres, acreditaram que era o Messias. Apesar disso Judas o traiu por 30 moedas, Pedro negou-o diante de uma criada, os outros fugiram. Foram pecados da hierarquia católica. Do Papa e dos bispos... De seres humanos.


3. Essa noção de que nós católicos – como outros seres humanos – somos pecadores está explícito em nossas orações e na liturgia. Por que rezamos o Confiteor? Por que dizemos que pecamos muitas vezes e por nossa “máxima culpa”? Por que os medievais ao representar o Céu e o Inferno colocavam em ambos homens e mulheres, nobres e plebeus, leigos e religiosos?


4. Diante dessa realidade o que Cristo nos ensina? “Vigiai e orai, porque o espírito é forte, mas a carne é fraca”. E ainda: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.


5. Dizemos que a Igreja é Una, Santa, Católica, Apostólica. Como Santa se formada por pecadores?


É Santa porque foi fundada pelo Filho de Deus, Santo. Santa por vontade do Pai, fonte de toda a santidade. Santa porque a assiste o Espírito Santo.


Contudo, como dissemos, na Igreja, junto ao elemento divino, há o elemento humano, com toda a sua carga de misérias. “A ninguém passa despercebida a evidência dessa parte humana. A Igreja, neste mundo, está composta por homens e para homens. Ora, falar do homem é falar de liberdade, da possibilidade de grandezas e de mesquinharias, de heroísmos e de claudicações." (3)


E é o que vemos na História da Igreja. Os apóstolos tiveram medo. Fugiram. A Virgem permaneceu fiel.


Milhares de mártires morreram pela Fé. Muitos preferiram adorar ídolos.


S. Thomas Morus e S. João Fisher foram mortos porque não cederam. A maior parte do clero inglês acovardou-se e se tornou anglicano.


Na Revolução Francesa parte do clero aceitou a Constituição Civil do Clero. Tornaram-se cismáticos. O bom clero, chamado refratário, permaneceu na Fé.


Em todo o século XX milhares de sacerdotes foram trucidados por todo tipo de criminosos e são motivos de glória para a Igreja. Outros foram infiéis. Por mil razões. Ou mil falsas razões.


HERESIAS POLÍTICAS


As pessoas, em geral, têm certa noção do que seja heresia. Entretanto muita gente desconhece que há heresias políticas. Ou seja, se aderirmos conscientemente a certos credos políticos estamos abjurando de nossa fé.


Para evitar esse mal a Igreja nos pede que estudemos sua Doutrina Social. Lamentavelmente, poucos o fazem.


O resultado é que, com freqüência, as pessoas se sintam atraídas por ideais e doutrinas nada cristãs. Foi o caso do nazi-fascismo no passado. Do socialismo marxista recentemente. Contra todos eles a Igreja nos advertiu. É só consultar as encíclicas e alocuções dos Papas.


Só que a Igreja não apresenta soluções mágicas. Ela nos fornece princípios, valores. Cabe a nós homens, usando de nossa liberdade, aplicá-los corretamente à realidade temporal. E para entendê-los e usá-los bem é necessário virtude. E assim como um juiz não consegue atuar bem se não tiver conhecimento da lei e, sobretudo, senso de justiça, assim também governantes e cidadãos não serão capazes de construir uma sociedade justa sem valores éticos. Mas isso é difícil. Entra de novo nossa tendência para o mal. Somos impacientes. Corremos atrás de quem nos promete o Paraíso na Terra. Um mundo novo sem a ascese cristã, sem Deus, como na utopia marxista; ou um Deus pagão, corrompido, como no totalitarismo nazista.


OS CATÓLICOS E O NAZISMO


Houve católicos que apoiaram o nazismo? Sem dúvida. Houve quem visse em Hitler e outros celerados uma solução para os problemas causados por certo liberalismo e uma barreira contra a expansão do comunismo bolchevista? Inegável. Enganaram-se. Ou se deixaram enganar. Os livros de História da Igreja nos mostram. Na Alemanha ou na Itália, na França ou na Croácia, e até no Brasil houve quem se deixou levar pelo rótulo e não pelo conteúdo. E não era tão difícil ver que o conteúdo era puro veneno.


Na Croácia, citada pelos missivistas, Ante Pavelic, organizou o movimento nacionalista e terrorista Ustacha e conseguiu que a Croácia fosse erigida em Estado independente a seu favor. De acordo com Chelini “no pensamento de Pavelic, croata é sinônimo de católico”. Pessoalmente era “muito piedoso” (sic!) e “fez construir uma capela em sua residência”. “Ele nomeia vários eclesiásticos para o Sobor – o Parlamento croata – que ele inaugura ao som do Veni Creator”. E tomou várias outras atitudes em favor da Igreja. (4)


Não é edificante? Claro que muitos desprevenidos não viram o lobo na pele de ovelha. Resultado: “No clero, o movimento dos ustachis suscita numerosas simpatias”. Tiveram até capelães... (5)

Logo depois Ante Pavelic mostrou o que realmente era. Não seguiu nada do que a Igreja ensina. Em sua alma o nacionalismo croata ressentido com antiga perseguição sérvia, mais a ideologia nazista, falaram mais alto. Iniciou severa perseguição contra os sérvios ortodoxos. Depois de conversões forçadas, às vezes em cerimônias de “rebatismo desenvolvidas como uma festa em meio a cantos e flores”, promoveu toda sorte de monstruosidades. ”Por volta de 300.000 ortodoxos foram eliminados, entre os quais 5 bispos e 300 padres. 300 igrejas ortodoxas foram destruídas”.(6)

Claro que aí muitos católicos acordaram. Já era tarde. O arcebispo Stepinac que aprovava o nacionalismo croata opôs-se às conversões forçadas e outras atitudes do governo. “A maior parte dos bispos agiu no mesmo sentido”. Essas intervenções tiveram algum efeito mas não impediram a continuação de crimes “porque os ódios raciais eram mais fortes do que os escrúpulos religiosos”. Diplomatas e representantes do Vaticano como Mons. Tardini e Mons. Montini além do cardeal Maglione pouco puderam fazer. “O governo de Zagreb respondeu por um Livre gris sobre as atrocidades praticadas (antes) pelos sérvios. (7) Como se isso pudesse ser justificativa para tão bárbara vingança.

Desgraçadamente outros religiosos continuaram obstinadamente apoiando a violência ustacha.(8)

O QUE PENSAR DESSAS BARBÁRIES?


Voltemos à doutrina católica.


Quando comecei a praticar religião, com meus 17 anos, tive uma aula sobre o sofrimento de Nosso Senhor durante a Paixão.


No Horto, Jesus rezava e sofria, antevendo sua Paixão. Aprendi que Ele, com sua omnisciência, via todos os pecados da humanidade: os do Antigo Testamento, os de seu tempo, os meus, os nossos, até o fim dos tempos. E aprendi também que cada pecado que cometo hoje aumentou o sofrimento de Nosso Senhor em Getsemani. Viu também todo o bem praticado.


A quem muito foi dado muito será pedido. Os católicos que conhecem sua fé e a amam sabem disso muito bem. E sabem que são mais responsáveis. E quando pecam são mais culpados. Pior é o franciscano sanguinário que rejeitou o Divino Mestre e seu pai S. Francisco que um pagão que massacra outro. Ou padres e freiras africanas que prevaricaram. São imensos pecados que aumentaram o sofrimento de Cristo no Horto. E nós também, diante deles, sentimos mais vergonha. E mais dor. Como católicos. Como seres humanos.


E o que estes fatos exigem de nós? Reparação.


Reparação a Deus. Reparação pelos culpados para que os criminosos vivos, de qualquer grupo, se possível, ainda se convertam. Mas que não deixem de ser severamente punidos por seus crimes. Reparação para que o mal seja ainda mais rejeitado e o mundo possa ser melhor. Para que não aceitemos mais ódio e violência, não importando a roupagem com que sejam apresentados. Para que não aceitemos que a fé seja instrumentalizada por qualquer ideologia política.


Reparação que não será feita se nos omitirmos no momento presente. A cultura da morte continua crescendo devido a nosso comodismo. Se não alertarmos sobre o que se passa hoje seremos como os que foram coniventes com o nazismo no passado. Hoje as sereias são outras: Teologia da Libertação marxista, direitos humanos deformados, atividades humanas desligadas da ética, liberdade para propagar toda forma de mal, eliminação dos indesejáveis, idolatria do prazer e do sucesso a qualquer preço. Todos levam à morte e à degradação do ser humano.


Foi exatamente a inconformidade diante destes males que pedimos em nosso artigo. Nem mais, nem menos.


PS: Na próxima postagem, colocaremos a parte 2 deste artigo, e, no site, outros correlatos. Veremos o que a História nos diz sobre uma pretensa omissão de Pio XII e dos católicos.


NOTAS

1. Todas as postagens estão colocadas após o artigo Holocaustos: crimes contra Deus e a Humanidade.


2. Uma pessoa batizada permanece católica ainda que viva em pecado mortal, ainda que seja uma grande criminosa. Está na Igreja como uma folha seca está em uma árvore. Só com o arrependimento e a confissão estará nela como um membro vivo, em união com Cristo. Contudo, se o pecado for a negação consciente e obstinada de dogmas católicos rejeitando os ensinamentos da Igreja pode incorrer em heresia e excomunhão, que nem sempre tem que ser proclamada pela autoridade competente. Ela então está fora da Igreja ainda que fisicamente atue nela e mesmo que seja um sacerdote. Neste sentido é que dizemos que “católicos” marxistas, nazistas, etc não são católicos já que aderiram conscientemente a ideologias que se chocam com a verdade cristã.


3. S. Josemaria Escrivá. Falar com Deus. São Paulo, Quadrante, 2004, pág.9.


4. Chelini 160


5. Chelini 161


6 . Chelini 162


7. Chelini 162


8.. Bispos como “Joseph Paric, bispo de Banja Luca, e Mons. Simrak, bispo bizantino católico de Krizevci que manifestaram publicamente seu apoio ao ustachismo. (...) Algumas dezenas de padres, a maior parte franciscanos, se ilustraram tragicamente nesses massacres”. Entre estes criminosos citam-se: Augustin Cievola, Bozilar Bralo, acusado de ter participado da matança de 180 sérvios, Miroslaw Filipovic, chefe do Auschwitz croata, o campo de Jasenovac. Todos foram executados pela Libertação (soldados de Tito).

Chelini (164) -


Em relação aos fatos relativos à Segunda Guerra li as fontes indicadas pelo leitor (Realidade) e consultei alguns livros de História da Igreja. Quem quiser ter uma visão mais clara e completa sobre as relações entre a Igreja e os totalitarismos durante a II Guerra consulte:


MARTINA, Giacomo. História da Igreja, de Lutero a nossos dias. IV – A Era Contemporânea. São Paulo, Loyola, 1997. pág 218 e seguintes.

ZAGUENI, Guido. A Idade Contemporânea. Curso de História da Igreja IV. Paulus, São Paulo, 1999. págs 264 a 340.

SERROU, Robert. Pio XII. El Papa Rey. Editorial Palabra, Madri, 1996. Cap. 6. El silencio de Pio XII. Cap III.

CHELINI, Jean. L’Église sous Pie XII. A Tormenta. 1939-1945; Fayard, Paris,1983. págs 157-164.

sábado, 11 de abril de 2009


O SILÊNCIO QUE ENVENENA

Ubiratan Jorge Iorio de Souza


Embora Dante Alighieri (1265-1321), o genial florentino e poeta maior da belíssima língua italiana, tenha advertido com sabedoria que "I posti più caldi nell’inferno sono riservati a coloro che in tempo di grandi crisi morali mantengono la propria neutralità" (os lugares mais quentes no inferno são reservados aos que, em tempos de grandes crises morais, escolhem a neutralidade), poucos parecem dar-se conta de que, primeiro, o mundo de hoje atravessa uma enorme crise moral, talvez sem precedentes na história da civilização e, segundo, bem poucos acreditam que o inferno existe, que não é mero produto de uma escatologia “medieval”. E a maioria das pessoas, aqui e ali, algures e alhures, cá e lá, ou seja, no planeta inteiro, permanecem caladas em relação ao veneno do relativismo moral, que já contaminou toda a sociedade. Subjugadas pela propaganda gramsciana subliminar, as massas limitam-se a repetir, qual bois guiados pelo berrante, os motes “politicamente corretos” propagados e amplificados ininterruptamente pelos holofotes da mídia.


Não há um dia sequer em que não tomemos conhecimento de escândalos de corrupção, em que os chamados meios de comunicação deixem de publicar linhas e mais linhas criticando o Papa – por ser o mais expressivo dos guardiões da moral – e em que novelas, filmes, reportagens e peças de teatro não espalhem a malignidade relativista por todos os cantos.
É dever das pessoas de bem – não por temor a Dante, mas a Deus, ou, mesmo que não creiam em sua existência, por mero respeito à própria dignidade – colocar a boca na trombeta e chamar a atenção para o grave fato de que os bons, quando silenciam, tornam-se cúmplices do mal, mesmo que não o percebam como tal. Creio que muitos perderam, diante do avanço relativista, a própria capacidade de indignar-se diante do que é moralmente errado; outros tantos são simplesmente covardes; mas a maioria, infelizmente, perdeu a noção de que existe uma linha bastante clara que separa o certo do errado, o acerto do erro e a virtude do vício!


Um simples exemplo disso é que a Semana Santa, que até mais ou menos os anos 60 do século passado era respeitada por todos, mesmo os não cristãos, transformou-se em mais um “feriadão” e a Páscoa, que comemoraremos no próximo domingo, virou apenas um farto almoço com chocolates de sobremesa. Muitos veem esse fato como fruto da “modernidade” e o encaram com a maior das naturalidades. Mas não é neutramente moderno, é abjetamente desrespeitoso. Essa falta de respeito vai muito além da pura rejeição à religiosidade e à fé, ela campeia em todos os cantos, em todos os setores da vida das pessoas. O mundo está moralmente doente e, em boa parte, por causa do silêncio dos “bons”.


Combata esse estado de coisas, antes que ele se volte contra você. Se já não se voltou... Se cada um cooperar individualmente para a recuperação da importância da transcendência da pessoa humana, o mundo irá melhorar bastante. Faça a sua parte!

www.ubirataniorio.org/blog.htm

domingo, 5 de abril de 2009


ENVENENANDO A ALMA DAS CRIANÇAS

Por Miguel Nagib

No capítulo 3º do livro didático “Português Linguagens - 5º ano”, de autoria de William Roberto Cereja e Thereza Cochar (Editora Atual, pertencente ao grupo Saraiva), os estudantes encontram, logo abaixo do título – “O gosto amargo da desigualdade” –, o seguinte parágrafo:

Você alguma vez já se sentiu injustiçado? Seu amigo com duas bicicletas, uma delas novinha, e você nem bicicleta tem... Sua amiga com uma coleção inteirinha da Barbie, e você que não ganha um brinquedo novo há muito tempo... Se vai reclamar com a mãe, lá vem ela dizendo: ‘Não reclama de barriga cheia, tem gente pior do que você!’. Será que há justiça no mundo em que vivemos?

A resposta negativa é apresentada sob a forma de um texto, em estilo pretensamente literário, seguido de uma bateria de perguntas destinadas a atiçar o “pensamento crítico” dos alunos (supondo-se, é claro, que crianças de 10 anos possuam conhecimento e maturidade para pensar criticamente).

O texto consiste, resumidamente, no seguinte: ao ver o filho entretido com um globo terrestre, o pai lhe confessa a sua “birra contra geografia”, atribuindo a aversão a uma professora que tivera no ginásio. Um dia, conta o pai, a professora Dinah resolveu dar aos alunos uma aula prática sobre a distribuição de renda no Brasil. Dizendo que o conteúdo de uma caixa de doces representava a riqueza do país, a professora começou a distribuir os doces entre os alunos, dando a uns mais que a outros. Os primeiros da lista de chamada ganharam apenas um doce; da letra G até a M, dois doces; de N a T, três; Vanessa e Vítor ganharam seis, e Zilda, finalmente, ganhou a metade da caixa, 24 doces. A satisfação inicial dos primeiros se transformava em revolta à medida que percebiam a melhor sorte dos últimos: “Ninguém na sala conseguia acreditar que a Dinah tava fazendo aquilo com a gente. Até naquele dia, todo mundo era doido com ela, ótima professora, simpática, engraçada, bonita também.” A história termina com o filho, frustrado, entregando ao pai o globo terrestre: “Toma esse negócio. Se a geografia é assim desse jeito que você tá falando, eu não vou querer aprender também não”.

Seguem os questionamentos:

– A distribuição dos doces promovida pela professora serviu para ilustrar como é feita a distribuição de riquezas no Brasil. Associe os elementos da aula ao que eles correspondem no país:

• [os doces] • os patrões, os empresários, o governo, etc.

• os alunos • o povo

• a professora • a riqueza

– Dos alunos da sala, quem você acha que reclamou mais? E quem você acha que não reclamou? Por quê?

– Na opinião da maioria dos alunos, como a professora deveria ter distribuído os doces?

– A distribuição de doces feita pela professora ilustra a situação de distribuição de renda entre os brasileiros. De acordo com o exemplo:

a) Quem fica com a metade da riqueza produzida no país?

b) Para quem fica a outra metade?

c) Na sua opinião, a minoria privilegiada reclama da situação?

d) E os outros, deveriam reclamar? Por quê?

– Dona Dinah, pela aula prática que deu, talvez não tenha agradado a todos os alunos. No entanto, você acha que eles aprenderam o que é distribuição de renda?

– No final do texto, Mateus diz ao pai: “Toma esse negócio!”. E começa a dormir sem o globo terrestre.

a) O que você acha que o menino está sentindo pelo globo nesse momento?

b) Na sua opinião, é pela geografia que ele deveria ter esse sentimento?

– Segundo o narrador, a turma tinha entre onze e doze anos e não estava interessada no assunto distribuição de renda. Na sua opinião, existe uma idade certa para uma pessoa começar a conhecer os problemas do país? Se sim, qual? Por quê?

– Os alunos que ganharam menos doces sentiram-se revoltados com a divisão feita pela professora.

a) Na vida real, como você acha que se sentem as pessoas que têm uma renda muito baixa? Por quê?

b) Que consequências a baixa renda traz para a vida das pessoas? Dê exemplos.

c) Na sua opinião, as pessoas são culpadas por terem uma renda baixa?

– Muitas pessoas acham que uma das causas da violência social (roubos, furtos e sequestros, por exemplo) é a má distribuição de renda. O que você acha disso? Você concorda com essa opinião.

Vejam vocês a que nível chegou a educação no Brasil.

Decididos a “despertar a consciência crítica” dos seus pequenos leitores – missão suprema de todo professor/escritor amestrado na bigorna freireana (ademais, se o livro não for “crítico”, a editora não quer, porque o MEC não aprova, os professores não adotam e o governo não compra) –, mas cientes, ao mesmo tempo, da incapacidade das crianças para compreender minimamente, em termos científicos, o tema da desigualdade social, Cerejão e Therezinha (permitam-me a liberdade eufônica) optaram por uma abordagem emocional do problema. Afinal, devem ter ponderado, embora os alunos não tenham idade para entender o que é e o que produz a desigualdade na distribuição das riquezas, nada os impede de odiar desde logo essa coisa, o que quer que ela seja.

A dupla de escritores assumiu, desse modo, o seguinte desafio (como eles gostam de dizer) “político-pedagógico”: criar uma empatia entre os alunos e as “vítimas da injustiça social”; induzi-los a acreditar que toda desigualdade é injusta, de sorte que para acabar com a injustiça é preciso acabar com a desigualdade; e predispô-los, enfim, a aceitar ou apoiar a bandeira do igualitarismo socialista.

Como na cabeça de Cerejão e Therezinha vida de pobre consiste em sentir inveja de rico, era necessário lembrar às crianças como é triste não ter uma bicicleta, quando o amigo tem duas, ou não ter uma boneca, quando a amiga tem várias. Mas, em vez de chamar essa tristeza pelo nome que ela tem desde os tempos de Caim, o livro a ela se refere como “sentimento de injustiça”.

Assim, além de transmitir às crianças uma visão ideologicamente distorcida – e portanto falsa – dos mecanismos de produção e distribuição da riqueza na sociedade e da realidade vivida por uma pessoa pobre, a dupla Cerejão e Therezinha as ensina a mentir para si mesmas, a fingir que sentem o que não sentem e a berrar “injustiça!” ao menor sintoma de inveja – própria ou de terceiro (essa última presumida) – provocada por alguma desigualdade.

Como se vê, isto não é uma aula, é uma iniciação nos mistérios do esquerdismo militante!

Ou seja, no Brasil de hoje, os autores de livros didáticos já não se contentam em fazer a cabeça dos estudantes; eles querem danar as suas almas.

Trata-se, em essência, de uma paródia satânica da parábola dos trabalhadores da vinha, onde Cristo nos ensina, entre tantas outras coisas, que não existe correlação necessária entre desigualdade e injustiça e que é Ele próprio – o justo por excelência – a maior, senão a única, fonte de desigualdades do universo. “Amigo, não fui injusto contigo. Não combinaste um denário? Toma o que é teu e vai. Eu quero dar a este último o mesmo que a ti. Não tenho o direito de fazer o que eu quero com o que é meu?”

Que a palavra “satânica” – o esclarecimento é do filósofo Olavo de Carvalho – “não se compreenda como insulto ou força de expressão. É termo técnico, para designar precisamente o de que se trata. Qualquer estudioso de místicas e religiões comparadas sabe que as práticas de dessensibilização moral são o componente mais típico das chamadas ‘iniciações satânicas’. Enquanto o noviço cristão ou budista aprende a arcar primeiro com o peso do próprio mal, depois com o dos pecados alheios e por fim com o mal do mundo, o asceta satânico tanto mais se exalta no orgulho de uma sobre-humanidade ilusória quanto mais se torna incapaz de sentir o mal que faz”.

Vem daí o sentimento de superioridade moral da militância esquerdista que há mais de trinta anos deposita seus ovos nas cabeças dos estudantes brasileiros, parasitando, como solitárias ideológicas, o nosso sistema de ensino.

Chamo a atenção para a malícia empregada na montagem do experimento (pouco importa se fictício ou real): se a professora houvesse distribuído os doces em conformidade com o desempenho alcançado pelos alunos, eles entenderiam perfeitamente a razão da desigualdade. Dificilmente algum deles se revoltaria. Mas, se isto fosse feito, o tiro sairia pela culatra, pois as crianças também aceitariam com absoluta naturalidade o fato de na sociedade uns ganharem mais e outros menos. Para isso não acontecer, a distribuição tinha de ser gratuita. Só assim o sentimento de inveja (que se pretendia instrumentalizar) não seria contido pela percepção intuitiva de que, por justiça mesmo, uns de fato merecem receber mais e outros menos.

A coisa toda é tão pérfida e tão covarde que somos levados a pensar – sobretudo à vista das perguntas, que parecem haver sido formuladas por pessoas com o mesmo nível de conhecimento e maturidade do público a que são dirigidas – que os autores não têm capacidade para perceber a gravidade do delito que estão cometendo contra crianças totalmente indefesas. Sem descartar essa possibilidade – o que faço em benefício dos próprios autores –, há razões de sobra para atribuir esse crime a uma causa mais profunda e mais geral.

“Hoje em dia – escreve Eduardo Chaves (1)

“o sentimento pelo qual a inveja pretende passar, a maior parte do tempo, é o de justiça – não a justiça no sentido clássico, que significa dar a cada um o que lhe é devido, mas a justiça em um sentido novo e deturpado, qualificado de ‘social’, que significa dar a cada um parcela igual da produção de todos – ou seja, igualitarismo. (...)

Um postulado fundamental da ‘justiça social’ é que uma sociedade é tanto mais justa quanto mais igualitária (não só em termos de oportunidades, mas também em termos materiais, ou de fato). ‘Justiça social’ é, portanto, o conceito político chave para o invejoso, pois lhe permite mascarar de justiça (algo nobre, ao qual ninguém se opõe) seu desejo de que os outros percam aquilo que têm e que ele deseja para si, mas não tem competência ou élan para obter. (...)

A luta pelo igualitarismo se tornou verdadeira cruzada a se alimentar do sentimento de inveja. Várias ideologias procuram lhe dar suporte. A marxista é, hoje, a principal delas. A desigualdade é apontada como arbitrária e mesmo ilegal, como decorrente de exploração de muitos por poucos. Assim, o que é apenas desigualdade passa a ser visto como iniqüidade. (...)

O igualitarismo tornou-se o ópio dos invejosos.”

O que vemos nesse livro de Português – incluído pelos especialistas do MEC no Guia do Livro Didático de 2008 – é a preparação do terreno; é a fumigação que pretende exterminar ou debilitar as defesas morais instintivas das crianças contra o ataque da militância socialista que as aguarda nas séries subsequentes.

Mas, por favor, que ninguém desconfie da bondade desses educadores. Afinal, eles não querem nada para si; são apenas “trabalhadores do ensino” (como eles também gostam de dizer), tentando contribuir para a construção de uma sociedade mais justa. Vejam a Dinah: “ótima professora, simpática, engraçada, bonita também”. Ora, quem somos nós para discordar?

Assim postas as coisas, só nos resta pedir a Deus que proteja as crianças brasileiras da bondade militante dos seus professores.


(1) Eduardo Chaves é professor titular de Filosofia da Educação da Universidade Estadual de Campinas (http://chaves.com.br/TEXTSELF/PHILOS/Inveja-new.htm)

Para ter mais informações sobre o conteúdo do livro ver o artigo do autor no site

http://www.escolasempartido.org

Miguel Nagib é Coordenador do EscolasemPartido.org