sexta-feira, 25 de outubro de 2024

AS PROPOSTAS POLÍTICAS ESTÃO LIGADAS A UMA IDEOLOGIA


 Valter de Oliveira


Vamos continuar nossas observações sobre as eleições municipais e os candidatos.

Nos debates eleitorais e em entrevistas os candidatos a prefeito apresentaram diferentes propostas. Escolas em período integral é uma defendida por todos. Mais atendimento hospitalar e melhoria nos transportes também.  

Então não há diferença? 

Claro que há. Ela pode estar na eficiência do trabalho executado pelo prefeito e/ou na sua visão de governo, do homem e do mundo. Ou seja, o político atua conforme princípios e valores, ideologia que adota e interesses de grupos econômicos ou categorias que o apoiam.  

Curiosamente há candidatos que procuram deixar em segundo plano sua visão de mundo. Simplesmente porque pode ser complicado explicar o que realmente desejam, pois assim correm o risco de perderem eleitores. Eis porquê Tábata e Boulos - que pertencem a partidos socialistas, jamais explicam o que é o socialismo que defendem. Nem como e quando será implantado. 


A filosofia política de Guilherme Boulos

O candidato é conhecido por sua particiapação em movimentos sociais, em especial  do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto), do qual é líder. Por lógica também apóia o MST (Movimento dos sem terra). Não há problema nisso. A lei permite que criemos ou pertençamos a movimentos sociais. A questão é que também aí temos que seguir leis, obedecer a justiça. Não está em nenhuma lei que eu, você, Boulos, quem quer que seja, possamos afirmar que uma propriedade não  está cumprindo sua função social e, devido a isso, tenhamos o direito de invadi-la. 

Pior é quando uma área particular é invadida e a Justiça determina que os invasores saiam dela. Isso acontece após um longo processo e onde não houve possibilidade de negociação. Quando o proprietário tem ganho de causa ele espera ter de volta sua propriedade. Oficiais de Justiça intimam os invasores e dão prazo para que se retirem.  Pois bem, em muitos casos desses o que fez Boulos e outros militantes sociais? Você sabe. Simplesmente insuflaram os invasores a resistir. Ou seja, para ele é lícito não obedecer ordens judiciais quando conveniente. Fica uma pergunta para Boulos: -"Vale também para Elon Musk?"    

Outro ponto. Boulos diz que desobedeceu ordem judicial por amor aos pobres. Mesmo? Ou porque ele sonha com uma sociedade onde não haja propriedade privada, livre iniciativa, capitalismo?

Nesta última eleição os socialistas e os partidos de esquerda em geral, preocuparam-se em dizer mil coisas que o Estado faria pelos mais necessitados. Não perceberam que muita gente prefere a liberdade de empreender, de crescer, ter sucesso, dependendo principalmente do próprio esforço. Marçal percebeu. Disse que seria capaz de criar 2 milhões de emprego com empreendedorismo. Soube ler melhor a realidade social. Resultado: muita gente votou nele. Foi uma disputa bem acirrada.

O desespero. Boulos lança "Carta ao Povo de São Paulo".

Pesquisas eleitorais favoráveis a Nunes fizeram com que a campanha de Boulos lançasse mão de mil artifícios para angariar eleitores. Usaram-se vários meios. Alguns não muito éticos. Finalmente, resolveram publicar uma "carta ao povo". 

Nela se reconhece que os famosos intelectuais de esquerda, aqueles que enchem a boca para dizer que  que estão sempre na periferia, que viveram ou vivem nela, não entenderam as mudanças que ocorreram nas camadas mais pobres. Pediram desculpas.

O fato foi comentado por um amigo, Marcelo Guterman, mestre em economia, numa rede social. Eis suas palavras:

Da chamada “Carta ao Povo Paulistano” de Guilherme Boulos, muito se falou do mea culpa da esquerda, que “esqueceu-se” dos pequenos empreendedores da periferia ao focar nos mais pobres. De minha parte, o trecho que me chamou a atenção foi o seguinte:

“Sei que boa parte de vocês está descrente da política, perdeu a esperança por achar que são todos iguais. E quando a gente vê quem aparece só de quatro em quatro anos, repetindo o que o marqueteiro falou, eu te entendo. É difícil diferenciar quem está de verdade do seu lado dos que querem te enganar.”

Este é o trecho em que Boulos descreve o seu próprio discurso. Ele só está “repetindo o que o marqueteiro falou”, fruto de pesquisas qualitativas. Grande parte dos paulistanos (e, porque não dizer, dos brasileiros), ainda acha que precisa trabalhar para conquistar o que deseja, e que invadir propriedade alheia é roubo, pura e simplesmente, ainda que seja glamourizado pela intelectualidade da esquerda.

Boulos sendo preso durante reintegração de posse em 17/01/2017


Boulos foi doutrinado e doutrinou dentro da práxis marxista. Ele já afirmou em entrevista que o MTST não é um movimento por moradia, mas uma mobilização do povo para “transformações sociais”, em que, supostamente, as estruturas capitalistas seriam derrubadas.

A sua afirmação de que, agora, quer ajudar os pobres a empreenderem, dentro de uma lógica capitalista, soa tão natural quanto um elefante vestido com um pijama pink com bolas amarelas. Por isso, a imagem do candidato que repete como um papagaio o que o marqueteiro lhe fala lhe cabe à perfeição.

Depois das eleições, a esquerda doutrinada poderá recomeçar a chamar o pobre empreendedor de “burro” por ser um “pobre de direita”. Falta pouco, gente.


            Invasão e depredação da FIESP em 13/12/2016, organizada por  Boulos, PT e CUT

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É isso amigos. Por hoje é só. Até amanhã,

PS. Acabei de ver na JP que Boulos aceitou ser sabatinado por Marçal. Em certo ponto o deputado afirma que não tem medo  de rejeição por causa das ideias que defende. "Todo mundo sabe quais são minhas ideias", disse ele. Todo mundo, deputado? Então porque desconversa quando pedem sua opinião sobre aborto, liberação das drogas, pauta identitária, cotas no sentido igualitário, críticas às polícias, etc. etc? Será que está bem claro seu apoio ao governo Lula, em todos os seus aspectos, inclusive seu alinhamento com a esquerda mundial? Entendem a simpatia de nossa esquerda pelo  Hamás?  Não caro  deputado, o sr. procura esconder sua verdadeira visão política. Se o povo a conhecesse, de verdade, sua rejeição seria ainda maior.