quinta-feira, 1 de janeiro de 2009



SER FAMÍLIA



Sonia Rosalia Refosco de Oliveira


Valter me pediu que escrevesse sobre o que é “Ser Família”. Algumas idéias surgem; no entanto, não é tão fácil definir o que é mais fácil sentir. O poeta já disse isso tantas vezes sobre o amor, ódio, tristeza, saudade, alegria. Agora, incluo também, a família. Mas vamos tentar definir o que, até agora, me parece indefinível.

Venho de uma família de ascendências italiana e portuguesa. Isso pode explicar muito do sentimento que tenho em relação ao que é “ser família”. Não posso falar de outras porque não vivi dentro delas. Mas, na medida em que são realmente famílias, ouso dizer que devem ter muito do que vou tentar exprimir.

Ser família é não ter segredos com os demais, mas ser perfeitamente capaz de guardar um segredo. É emprestar as roupas de todo dia, mas ser generoso para emprestar aquela roupa que estávamos guardando para uma ocasião especial.

Ser família é dividir as tarefas dentro de casa e ajudar o outro a cumprir o seu dever mesmo que não nos tenha pedido. É colocar o salário ganho no fim do mês à disposição para as necessidades, sempre com o intuito de somar e, nunca, subtrair.

Ser família é encher a mesa da sala de jantar e sempre apertar um pouquinho para que caiba mais um. É ouvir o barulho gostoso das conversas dos adultos, das brincadeiras das crianças e das piadinhas dos adolescentes.

Ser família é partilhar alegrias e tristezas com a mesma intensidade, porque a todos importa o que vai dentro de você. É ter um lugar para chorar e saber que nunca se chorará sozinho, porque sempre vai haver alguém para te perguntar o que aconteceu.

Ser família é brigar com os irmãos, mas com muito mais força brigar pelos irmãos. É rir sem ter motivo algum e poder contar piadas do elefante na geladeira; sempre vai ter alguém pedindo para você repetir, só pra ver você rir de novo.

Ser família é lembrar dos aniversários e dar um presente, mesmo que tenha sido feito por você. É abrir a casa para os amigos, porque aqueles que são importantes para um, são importantes para todos.

Ser família é dividir a caixa de bombons e guardar “aquele” para “aquela” pessoa.

Ser família é usar frases de filmes em momentos oportunos, mas com uma sutileza, que só a família entende.

Ser família é parar o que se está fazendo para ouvir como foi o dia do outro, ainda que os seus afazeres sejam muito importantes. É esperar todos chegarem para, finalmente, fechar a porta e poder dormir, ainda que seu dia tenha sido muito cansativo.

Ser família é olhar nos olhos quando se conversa ou quando, simplesmente, paramos para olhar o outro. É assistir a um filme juntos, mesmo que não seja o seu preferido. É ouvir a música que o outro gosta e, quem sabe, aprender a cantá-la só para poder cantarem juntos.

Ser família é saber sobre os gostos do outro, sua cor preferida, a comida que mais gosta, o tipo de leitura que o atrai, o filme que o marcou. É ouvir uma música e lembrar da pessoa. É estar em um lugar e imaginar “aquela” pessoa naquele lugar.

Ser família é ter um lugar para ficar e ser querido nesse lugar. É sair pela manhã e saber que podemos voltar à noite, pois sempre estarão nos esperando.

Ser família é cada um dar tudo de si confiando que a Providência jamais esquece de nós. É amar a Deus com toda a alma sabendo que Ele nos amou primeiro.

Um médico amigo disse que Tolstoi fez a seguinte afirmação: “as famílias felizes se parecem todas entre si, enquanto as infelizes o são cada uma a seu modo”. Simples, objetivo e verdadeiro.

Poderia ficar aqui dando mil exemplos do que é ser família, mas ainda assim não saberia como defini-la.

Fica, então, a tentativa: “Família é como o ar: quando você tem, nem percebe, porque faz parte de você, mas se vier a faltar, a impressão é que se vai morrer”.




Raymond de Souza e família *





SER FAMÍLIA


Há alguns anos dois amigos, Autimio Antunes de Souza Neto e sua esposa, Ludmila G. Antunes de Souza resolveram fazer uma revista “dirigida a todos os interessados em valorizar os laços familiares”. Tarefa aparentemente impossível para quem cuida com esmero dos filhos e exerce com competência e dedicação as atividades profissionais. Eles, entretanto, não cederam diante das dificuldades. Lutaram mais ainda e foram recompensados: conseguiram criar uma revista de qualidade e de sucesso. E ainda arrumam um tempinho para se dedicar ao Instituto Ser Família.

O artigo de minha esposa é nossa homenagem carinhosa e cheia de admiração pelo belo trabalho que têm realizado. Convidamos a todos os amigos leitores do blog a acessar o site da revista e ver tudo o que ela proporciona para que tenhamos sólidas e felizes famílias tão necessárias para nossa sociedade.

Acesse http://www.serfamilia.com.br/ Vale a pena!






* Raymond de Souza é brasileiro, diretor do Movimento Vida Humana Internacional para os países de Língua Portuguesa. Atualmente reside nos Estados Unidos. É uma das famílias pelas quais temos muito respeito e amizade.

Um comentário:

Lila Fonseca disse...

Estou no escritório e, lendo este artigo, parece que fui transportada para as diversas festas de fim de semana (ou de noite de semana) da minha família. Cada exemplo da Sonia Rosalia já foi vivido por mim ou por algum dos meus irmãos.
Então, Sonia, agora você pode falar com propriedade sobre viver em 'outras famílias'. Pois você vive ou viveu situações parecidas com as minhas e, acredito, que várias outras famílias.
Resumindo: todas as famílias são iguais, só mudam de endereço!
Um abraço e que a família continue sendo o porto seguro de todos nós!

Quem assina é Rezilda, filha número 8 de uma família de 12 irmãos, com pais vivos (Graças a Deus!!) e casados há 52 anos. À esta felicidade, soma-se as devidas noras, genros, 23 netos e 5 bisnetos... e todos àqueles que se sentem felizes em nossa casa!