segunda-feira, 24 de março de 2025

MARXISMO 5.

 CRÍTICAS AO MATERIALISMO DE MARX

Como vimos no post 4 o marxismo afirma que só existe a matéria, que ela é eterna e infinita.  

A isso responde Jorge Lojácono (1)


Podemos concordar com Lenine acêrca do conceito da matéria (o que é percebível com os sentidos) e da crítica que êle faz do empiro-criticismo (2); entretanto, não podemos absolutamente admitir muitos outros pontos essenciais da doutrina marxista.

A) O materialismo marxista baseia-se sobe um fundamento totalmente arbitrário.

1.  Ele admite unicamente a existência de duas posições possíveis: idealismo e materialismo; refutado portanto o idealismo, julga que, consequentemente, fique provada a legitimidade do materialismo.

2. Em contraste com o excessivo simplismo marxista admitimos uma terceira posição entre idealismo e materialismo; um realismo sadio que reconhece a existência seja da matéria, seja do espírito, sem julgar que um seja um elemento derivado da evolução do outro.

a) O marxismo nunca aduziu argumentos para provar que pode existir exclusivamente a matéria e o que dela deriva. É uma afirmação totalmente gratuita (em seguida falaremos da existência de Deus e da espiritualidade da alma).

b) Se fossem verdadeiras as premissas marxistas, o mesmos cientistas (Newton, Galileu, Cusano e outros) deveriam se considerados por um lado materialistas (porque admitiram a existência do universo material) e pelo outro, idealistas (porque acreditaram em Deus e numa alma humana que não era simples emanação da matéria). A realidade é que eles não foram nem materialistas, nem idealistas, nem agnósticos.

B) É possível um universo eterno?

1. Princípio fundamental para toda ciência experimental e teórica é o "princípio da causalidade". Também Morselli, positivista, afirma: "Um só princípio, único, exclusivo domina e rege todas as ideias que fazemos de nós e do mundo: e este princípio é o princípio de causalidade". 

a) Princípio para nós importantíssimo porque, não podendo conhecer a Deus diretamente em si, o conhecemos exclusivamente através das criaturas, mediante o princípio de causalidade. 

b) Ele pode ser formulado assim: todo ser contingente ( = que não tem em si a razão da sua existência) deve ter uma causa proporcionada que o produziu". É uma aplicação do princípio mais vasto de razão suficiente que diz que todo ser dever ter em si ou em outros a razão da sua existência.

c) Também os marxistas admitem isso.

    1. Diz Engels: "A primeira coisa que impressiona ao consideramos a matéria em movimento é a conexão dos movimentos individuais, o serem eles condicionados recíprocamente" tanto que "para quem nega a causalidade qualqeur lei se torna uma hipótese". Também o fato de os homens cumprirem ações para obter efeitos determinados "demonstra a causalidade" (Dialética da natureza).

    2. Diz Kuusinen: "A relação de causa tem caráter universal, estende-se a todos os fenômenos da natureza e da sociedade... Não há e não pode haver fenômenos sem causa. Todo fenõmeno tem necessariamente uma causa".

2. Aplicando este princípio com rigor lógico, dizemos que a existênca do universo contingente nos obriaga a admitir Deus, causa primeira que tem em si a razão da sua existência.

3. Os marxistas reconhecem a força dos nossos argumentos e respondem: se o universso tivesse começado a existir, seríamos obrigados a admitir a existência dum criador, mas não podemos admitir este Deus, puro espírito existente antes da matéria, portanto, devemos afirmar que o universo nunca começou a existir mas existiu desde sempre. É o que diz também Engels: "Do nada nunca podemos chegar a algo sem um ato criador" (Antidühring). Se admitirmos que o movimento do universo teve início, "é necessãrio que do externo, de fora do mundo, tenha vindo um primeiro impulso que o pôs em movimento. Mas sabemos que o primeiro ipulso é apenas uma expressão para dizer Desu" (ib). Se, como queria Dühring, se admitisse um início, "poderíamos fazer e dizer o que quisermos: sempre voltaríamos .. ao dedo de Deus". 

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No próximo post colocaremos excertos da obra de Lojácono nos quais ele dá argumentos concretos para negar que o universo seja infinito. Também discute se é possível a existência de um universo eterno. 

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Notas.

1. Marxismo, Jorge Lojácono, Paulinas, SP, 1968, p. 15, 16.. 

2. Empirocriticismo é uma teoria filosófica que nega o valor da ciência, baseando-se na ideia de que a experiência é uma soma de impressões subjetivas. Foi desenvolvida pelo filósofo alemão Richard Avenarius (1843-1896).  

PS: Para não ficar muito cansativo começaremos a reduzir as múltiplas explicações sobre o materialismo dialético para entrarmos mais rapidamente no materialismo histórico. Também faremos um espaçamento maior entre um artigo e outro para colocarmos outros assuntos que interessam a nosso amigo leitor. 






 

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