sexta-feira, 12 de dezembro de 2008




MORAL MARXISTA: A PRÁTICA

Valter de Oliveira


Em artigos anteriores procurei mostrar que a esquerda brasileira, e em especial o PT, tem uma visão da moralidade das ações humanas baseada no relativismo marxista. Afirmei também que esta visão da moral que estão implantando na sociedade e na legislação brasileiras, é uma verdadeira revolução cultural conforme o modelo do marxista italiano Antonio Gramsci. (1)

Esta visão, que é desconhecida do grande público, entra violentamente em choque com aquilo que o cidadão comum pensa ser ético.

Vamos aos fatos.

1. O povo e o terrorismo.

O que pensa o cidadão comum sobre o terrorismo? É fácil responder. Basta perguntar ao seu vizinho, a seus amigos, ao vendedor de hot-dog da esquina. Todos vão considerá-lo criminoso. Ninguém entende porque inocentes devem morrer por causa de razões políticas, religiosas ou quaisquer outras. Não importa se quem pratica as ações são separatistas bascos, fanáticos da Al-Qaeda, narco-marxistas das FARC ou pretensos católicos do IRA. Havendo atentados a indignação popular é geral.

2. Mas há exceções.

Onde? Nas cátedras universitárias, setores da mídia, e em certos partidos políticos. É a “intelectualidade” revolucionária. Temos muitos exemplos deles no governo atual. Para estes, o terrorismo – e também a tortura – só são crimes, se forem usados contra militantes da esquerda.

3 – A Lei da Anistia

Como é sabido, Em agosto de 1979, o governo FigueiredoGeisel, promulgou a lei da Anistia que tinha por características ser “ampla, geral e irrestrita”. Entendeu-se que aí estavam incluídos crimes praticados por ambos os lados. Teríamos, assim, a volta dos exilados e condições para o retorno à democracia em mãos de civis.

No poder, setores da esquerda entenderam que a interpretação da lei deveria ser outra. O ministro da Justiça, Tarso Genro, e o secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, colocaram-se como expoentes desta posição. O PT os apoiou. Passaram a advogar o julgamento dos torturadores que, no mínimo, deveriam ser obrigados a reconhecer publicamente seus crimes e retratar-se deles. Os mais radicais pediam punições. A polêmica pegou fogo. Lula, como sempre, fez de conta que não tinha nada a ver com o peixe. No máximo disse que era problema para o STF resolver.

Tarso Genro e Vannuchi não arredaram pé. Citando legislação internacional afirmaram: o crime de tortura é imprescritível!

Com tanto barulho oficiais da reserva das Forças Armadas reagiram. “Se é para julgar crimes vale para os dois lados. Tem muita gente no governo que vai ter problemas.”

Quando a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, também disse que “os torturadores do período de regime militar não são beneficiados pela lei da anistia”, a imprensa foi perguntar ao presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, o que ele pensava da declaração dela. Sua resposta foi:

“Os crimes de terrorismo são imprescritíveis, assim como os delitos de tortura (...)” (2)

O debate esquentou na mídia. Começaram a divulgar as proezas de Dilma como terrorista.

E o que fez a esquerda? A do PT, boazinha, aburguesada, que adora whisky e festa no arraial do Planalto, saiu em defesa dos companheiros. Seguiu a cartilha de Lênin. Desmascarou-se. Eis o texto:

Executiva Nacional do PT texto oficial de 07 de novembro de 2008.
Nota sobre a Tortura, Anistia e Direitos Humanos

O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores reafirma as resoluções sobre Direitos Humanos aprovadas no 3º. Congresso Nacional do PT:

a) crimes contra a humanidade não prescrevem;

b) a Lei da Anistia de 1979 não beneficia quem cometeu crimes como a tortura nem impede o debate público, a busca da verdade e da Justiça;

c) a punição aos violadores de direitos humanos é tarefa da Justiça brasileira. Esperamos que o Poder Judiciário atenda aos reclamos das vitimas, especialmente dos familiares de mortos e desaparecidos.

O Diretório Nacional repudia os ataques difamatórios feitos por setores conservadores e antidemocráticos contra os companheiros Paulo Vannucchi e Tarso Genro no exercício do dever oficial de promover o debate público. Ainda, repudia os ataques e as tentativas de descaracterização da militância política dos companheiros Dilma Roussef e Franklin Martins quando da LEGÍTIMA RESISTÊNCIA ao regime ditatorial ao lado de outros milhares de perseguidos políticos. (Destaque nosso)

Cabe ao Governo Brasileiro seguir defendendo, coerentemente, o repúdio à tortura. Cabe ao Poder Judiciário pronunciar-se definitivamente sobre a matéria, de acordo com os princípios de direitos reconhecidos universalmente.

Aí está a caracterização da moral ou da ética política de amplos setores de nossa esquerda. Torturar um militante esquerdista fere os direitos humanos. Seqüestrar, justiçar, matar militares ou executar civis inocentes em atentados terroristas, não. O militante luta pela revolução, pelo partido, pela causa, pelo proletariado. É legítima defesa. É luta contra o Estado da classe dominante. Não viola os inalienáveis direitos da pessoa humana.

Curioso que os terroristas e guerrilheiros, no Brasil e no mundo, jamais perguntaram à s suas sociedades se estas queriam ser defendidas com o derramamento de sangue inocente. Não precisa. Eles são os iluminados. Conhecem o marxismo científico. E podem mentir, roubar, matar.

Terminemos com algumas perguntinhas:

1. Se os governantes que permitem ou aplicam a tortura cometem crime imprescritível o PT vai começar uma campanha mundial pela punição de torturadores cubanos, vietnamitas, russos e chineses?

2. Se torturadores são tão abjetos, por que o entusiasmo de Lula e Dilma pelo General Giap e Ho Chi Mihn? Será que soldados americanos e franceses foram tratados com a dignidade exigida pela Convenção de Genebra? (3)

3. Se é abominável torturar terroristas e guerrilheiros que assassinaram inocentes não é também monstruosa a tortura contra os que são totalmente inocentes? Neste caso porque os ideólogos da esquerda defendem o aborto que poderia ser realizado inclusive em estágio de gravidez avançada? E até ao nascer, como é defendida pelas feministas radicais aninhadas nos partidos e movimentos de esquerda? Despedaçar tais crianças, jogar ácido nelas, arrancar-lhes o cérebro, não é tortura? Tal barbaridade não é crime imprescritível?

E a “intelectualidade” na mídia e nos livros didáticos continuam nos garantindo que revolucionários marxistas são humanistas. Haja doutrinação!

PS: Vou mandar as questões para o blog do Zé Dirceu. Talvez também para o ministro Tarso Genro. Vocês acham que eles vão me responder?

1. Falaremos sobre a revolução gramsciana em breve
2. Comparem com a postura do Papa João Paulo II que condenou o terrorismo do IRA.
3. Por Chico de Gois - O Globo - 11/07/2008 Lula pede para herói da Guerra do Vietnã tire foto com Dilma


HANÓI (Vietnã) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encontro com o general Vo Nguyen Giap, herói nacional e principal estrategista do Vietnã nas guerras pela independência da França e contra os Estados Unidos, pediu que ele aceitasse tirar uma foto ao lado da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a quem Lula descreveu como uma das adoradoras do líder de 97 anos.

- Queria pedir um favor - começou Lula, dirigindo-se a Vo Nguyen Giap.

- Aquela moça (apontado para Dilma) é minha ministra do Brasil, foi na sua juventude militante de esquerda, ficou três anos e meio na cadeia e ela tem pelo senhor uma verdadeira adoração - apresentou o presidente.

Dilma, que até então se mostrava séria, e cuja presença no Vietnã ainda era uma incógnita, esboçou um leve sorriso, entre feliz e encabulada. Levantou-se, dirigiu-se ao velho líder e deu-lhe dois beijos na face.
(Não é encantador?... que impacto teria na mídia se os beijinhos fossem em Pinochet?)