sábado, 18 de abril de 2009


HOLOCAUSTOS E CRIMES CATÓLICOS – 2


Valter de Oliveira


NAZISMO: PIO XII E OS CATÓLICOS FORAM OMISSOS?

Para um dos críticos do artigo "Holocaustos: Crimes contra Deus e a Humanidade" não há nenhuma dúvida a este respeito. Ele é taxativo:

"Quanto a Hitler a igreja foi bem conivente e agora vem (vocês) com essa conversa de que o papa atuou nos bastidores, porém, nem todo mundo compra essa, aliás existem livros com pilhas de evidências sobre a inércia do papa".

Como foi visto até agora este missivista e os outros têm razão em dizer que houve católicos pró nazismo. E certamente houve quem ajudou nazistas a conseguir refúgio. Como há quem defenda os maus católicos de hoje. E outros que acobertam e protegem os que se apresentam como católicos e não o são. Curiosamente eles não citam os “católicos” brasileiros que decidiram ser terroristas e guerrilheiros para implantar o socialismo no Brasil. Será que não foram batizados? Muitos não passaram da Ação Católica para a AP (Ação popular)? Não chegamos a ter no Brasil um “maoismo cristão” com Herbert de Souza, o famoso Betinho e Cia? (1)

Por que não culpar esses católicos pelos crimes que cometeram? Por que não denunciar o cinismo das senhoras "católicas" pelo direito de decidir, ou seja, “católicas” pelo direito de matar inocentes? Ou esses são heróis que lutaram pela democracia?

Critico a todos esses como teria criticado Hitler, Pavelic, Mussolini e semelhantes se tivesse vivido na época. Não ficaríamos entusiasmados com suas realizações sociais: fim da inflação, do desemprego, recuperação do orgulho nacional, etc. Entendo que se apontasse males doutrinários alguém me olharia com desdém e diria: Olha o que ele faz pelo povo! Olha o fusca! Olha o fusca! Cá entre nós. Não me interessa o fusca, o bolsa-família ou o leve-leite. Interessa-me o modelo de Estado e de sociedade que um governo quer impor em meu país. E por isso me oponho a qualquer laicismo totalitário. Com ou sem bênçãos eclesiásticas.

Claro está que defendemos a punição para qualquer crime. Cometidos por socialistas ou fascistas. E também por católicos. Por crimes políticos ou comuns. Isso é exatamente o que ensina a moral católica. E aqui entra uma contradição dos críticos da Igreja. Quando ela desautoriza ou pune “católicos” extraviados o que eles gritam? Não há liberdade na Igreja! Autoritários! Inquisidores!

E lá vem a defesa de abortistas de sacerdotes guerrilheiros, como Camilo Torres, de teólogos sem fé. No passado também foi assim. Não quer apoiar o nazismo? Não é alemão! Não se deixa seduzir pela pretensa piedade de Pavelic? Não ama a Croácia! E tanto em um lugar quanto noutro poderia ser acusado de comunista ou de bajulador do capitalismo judaico... Nosso convite no primeiro artigo foi para rejeitarmos todos os crimes e por isso os denunciamos. Inclusive por quem os comete em nome da religião. Somos pró vida humana. Pró dignidade humana.

A Igreja teve, tem e terá filhos infiéis. Mas, por outro lado, a História aí está para atestar tudo o que, através de seus filhos, fez e faz pelo bem da humanidade. Para mostrar a beleza do martírio de milhões de cristãos que souberam ser fiéis às promessas do batismo, viver para Deus e para o próximo, ser sal na terra. Aqui mesmo no Brasil houve importantes figuras no laicato e no episcopado que combateram claramente o nazi-fascismo já bem antes do início da Guerra.

Mas, e Pio XII? E o Vaticano?

Que tal apelarmos para as maiores vítimas do nazismo? Vamos ver o que testemunharam os JUDEUS. Ralph McInerny, no seu livro The Defamation of Pius XII (“A Difamação de Pio XII”), cita o que judeus, famosos ou não, disseram naquele tempo, ou seja, durante a guerra ou logo após ela. (2)

1. O Dr. Alexandre Safran, rabino-chefe da Romênia, escreveu em 1944:

“Nestes tempos duros, nossos pensamentos, mais que nunca, voltam-se com respeitosa gratidão ao Soberano Pontífice, que fez tanto pelos judeus em geral... No nosso pior momento de provação, a generosa ajuda e o nobre apoio da Santa Sé foram decisivos. Não é fácil encontrar as palavras adequadas para expressar o alívio e o consolo que o magnânimo gesto do Supremo Pontífice nos deu, oferecendo vastos subsídios para aliviar os sofrimentos dos judeus deportados. Os judeus romenos jamais esquecerão esses fatos de importância histórica.”


2. O rabino-chefe de Jerusalém, Isaac Herzog, enviou pessoalmente uma mensagem de agradecimento a Pio XII em 28 de fevereiro de 1944, na qual diz:

“O povo de Israel nunca esquecerá o que Sua Santidade e seus ilustres representantes, inspirados pelos eternos princípios da religião que formam as próprias fundações da civilização verdadeira, estão fazendo pelos nossos desafortunados irmãos e irmãs no momento mais trágico da nossa história, o que é a prova viva de que a Providência Divina age no mundo”.

3. E não faltou o agradecimento do Rabino-chefe de Roma, Israel Zolli:

“O que o Vaticano fez ficará indelevelmente gravado em nossos corações Sacerdotes e altos prelados fizeram coisas que sempre honrarão o catolicismo”.

Depois da guerra, Zolli tornou-se católico e, para homenagear o Papa pelos seus feitos em favor dos judeus e pelo papel que teve na sua conversão, escolheu o nome de Eugenio como nome de batismo (lembremos que Pio XII se chamava Eugenio Pacelli antes da eleição).

No seu livro Three Popes and the Jews (“Três papas e os judeus”), Lapide estima o número de judeus poupados graças às ações clandestinas da Igreja sob Pio XII. Após totalizar os judeus salvos em diferentes regiões e deduzir aqueles salvos por outras causas, tais como os nobres esforços de alguns protestantes europeus, escreve: “A quantidade final de vidas judias salvas pela Igreja Católica é, pois, no mínimo, de 700.000 almas, mas com bastante probabilidade está perto de 860.000”. Esse número ultrapassa o total de judeus salvos por todas as organizações européias de auxílio juntas. Lapide calcula que a Igreja de Pio XII constituiu a mais bem-sucedida organização de assistência aos judeus de toda a Europa em guerra, superando a Cruz Vermelha e todas as outras instituições.(destaque nosso)

4. GOLDA MEIR

"Nós compartilhamos do grande pesar que atinge o mundo por causa da morte de Sua Santidade Pio XII. Durante os dez anos do terror nazista, quando o nosso povo passou pelos horrores do martírio, o Papa levantou a sua voz para condenar os perseguidores e condoer-se das vítimas”
(Golda Meir, então representante de Israel na ONU e futura primeira-ministra israelense).


5. ALBERT EINSTEIN:

“Apenas a Igreja Católica protestou contra a violação da liberdade por Hitler. Até então, eu nunca me havia interessado pela igreja, mas hoje sinto uma grande admiração por ela, que teve a coragem de combater sozinha pela verdade espiritual e pela liberdade moral”.


Conclusão: Precisa?

NOTAS

1. GORENDER, Jacob. Combate nas trevas. A esquerda brasileira: das ilusões perdidas à luta armada. 3ª edição. São Paulo, 1987. Cap. 16.

2. As citações que fazemos foram retiradas do artigo Pio XII e a Segunda Guerra Mundial, escrito por James Akin. O artigo completo está em nosso site na seção de Igreja Católica.