sábado, 17 de janeiro de 2009

O Diagnóstico e o Remédio:
Equívoco de “Conservadores”


Valter de Oliveira



Alguns dizem que é normal que jovens, especialmente ao entrar na Universidade, se deixem seduzir pelos ideais socialistas.

Dizem, porém que já não seria normal se continuassem apoiando Marx após ter completado 40 anos...

Há também quem diga – como Maritain – que admira nos socialistas o amor pela justiça.

Não concordo. O ideal socialista é sumamente injusto no seu objetivo e brutalmente injusto nos seus métodos.

De qualquer modo não deixa de ser curioso – para dizer pouco - como a propaganda revolucionária conseguiu fazer com que até mesmo não marxistas acreditem que o igualitarismo social é um bem.

Em minhas aulas – a maior parte delas dadas, sobretudo a alunos da classe média – acostumei-me a fazer algumas perguntas. Uma delas é a seguinte: “Quais partidos defendem mais o povo, os de esquerda ou os conservadores”?

Resposta quase unânime da classe: “Os de esquerda”!

E de onde eles tiraram esta conclusão brilhante? Livros didáticos, aulas de humanas, propagandas na mídia. Ou seja, anos de doutrinação explícita ou subliminar.

Para piorar pensam que o projeto revolucionário se resume só às questões econômicas. Não têm a mínima idéia do que seja o socialismo no campo da educação, da cultura, dos valores, ou da família.

Para complicar temos esta falha de percepção até mesmo em famílias conservadoras. Ou melhor, enxergam algumas coisas, mas não outras. Claro que, sendo conservadores percebem muita coisa errada em nossa sociedade. Mas, se você perguntar sobre o governo Lula dizem, e até com um certo alívio e um sorriso nos lábios, que ele está fazendo um governo conservador!... Alegram-se com sua política econômica continuadora do PSDB. E eis aí outra coisa aparentemente estranha. Setores da classe média e o PSOL afirmam a mesma coisa: Lula e o PT são de direita! Ou quase!

Na mesma linha é curioso ver como não marxistas passam a apoiar certas causas sociais. Cresce a simpatia pelo sistema de cotas. E por movimentos sociais como o MST. Além disso, usam os termos de momento lançados pelos socialistas como se seus significados não embutissem nenhuma carga revolucionária ideológica. Preconceito, discriminação, inclusão, trabalho voluntário... Tudo conforme o politicamente correto.

E ao conversarem conosco o que nos dizem: “Realmente, temos uma dívida histórica com os negros”. Ou ainda: “Temos que acabar com as desigualdades sociais”! E aí nosso conservador já aceitou um dogma marxista: toda desigualdade social é sinônimo de injustiça.

Da adesão às causas ele quer passar à ação. E é lógico. Se há um mal urge que lutemos para eliminá-lo. E aí se passa à simpatia pelo MST e outros movimentos sociais e políticos que, teoricamente, estariam defendendo a justiça, a liberdade, e os direitos humanos.

A realidade é mais complexa.

Neste artigo não quero discutir os pressupostos, ou seja, se a realidade vista a partir dos olhos da esquerda é verdadeiro. Vamos aceitá-los só para efeito de argumentação. Vamos admitir que o DIAGNÓSTICO sobre esses nossos males sociais esteja correto. O que fazer?

Acho que foi São Tomás quem ensinou que para julgarmos a realidade temos que fazer três coisas: 1º Ver; 2º Julgar; 3º Agir.

Se virmos mal e formos coerentes, julgaremos mal. Em conseqüência seremos um desastre na ação.

Como aceitei por hipótese que o diagnóstico de certos males na sociedade seriam verdadeiros preciso agora saber quais os meios corretos que devem ser usados para curá-los. É durante o julgar que vemos os erros de fundamento da conjuntura ou até da estrutura social. A vida política, social e econômica de um país não pode ser mudada só por pretensas "boas intenções".

Há mais de cem anos os socialistas dos mais diversos matizes nos mostram os males da sociedade liberal capitalista. Muitas vezes apontam com razão as doenças existentes. Noutras erram em explicar as causas. Mas, sobretudo, sempre erram na terapia. Qual o remédio que propõem? Simplesmente a aplicação do socialismo, muitas vezes apresentado como sinônimo de justiça social.

E o que dizem os Papas?

Já o papa Leão XIII, na Rerum Novarum, primeira grande encíclica social da Igreja, mostra claramente o erro da solução socialista:

“Os socialistas, para curar este mal, instigam nos pobres o ódio invejoso contra os que possuem (...) e lisonjeiam-se de aplicar um remédio eficaz aos males presentes. Mas semelhante teoria (...) prejudicaria o operário se fosse posta em prática. Outrossim, é sumamente injusta, por (...) viciar as funções do Estado e tender para a subversão completa do edifício social”. (RN 3).

O texto é tão importante que é citado na Centesimus Annus de João Paulo II.

Sei perfeitamente que as pessoas às quais me refiro não querem, obviamente, a vitória dos ideais marxistas. Sei também que na correria do mundo moderno poucos têm tempo e mesmo gosto para acompanhar discussões doutrinárias. O que lhes peço, se minha voz chegar até elas, é que não se deixem levar por bons sentimentos ou pelas falácias da propaganda revolucionária.

É preciso lembrar continuamente que os marxistas sempre souberam se aproveitar das injustiças sociais. É o que vemos nas palavras de João Paulo II: “A crise do marxismo, não elimina as situações de injustiças e de opressão no mundo, das quais o próprio marxismo, instrumentalizando-as, tirava alimento” (CA 26) (destaque nosso).

Em suma, enquanto continuarmos acreditando que ideólogos (hoje os socialistas marxistas, ontem os socialistas nacionalistas de Hitler) têm a solução para os problemas sociais de nosso mundo, estaremos sendo instrumentalizados. São os verdadeiros valores de nossa sociedade que nos permitirão lutar e ajudar os mais necessitados. Aceitar as falácias socialistas é contribuir para o triunfo da cultura da morte e da escravização da humanidade. É dizer sim a tudo o que nega a verdadeira a dignidade humana.




OBS: Neste artigo estamos considerando “Conservador” a qualquer pessoa não socialista.