terça-feira, 18 de janeiro de 2022

A INFLUÊNCIA DO NEGATIVO

 Hoje publicamos mais um excerto da obra de Mário Ferreira dos Santos "Invasão Vertical dos Bárbaros". Vem logo após a parte em que tratou da "Valorização do inferior", que publicamos na semana p.p. É interessante vermos como o fenômeno já era profundo há mais de meio século. Não só na mídia, mas no conjunto da sociedade. De lá pra cá só se aprofundou. Basta ver o noticiário da mídia e as postagens das redes sociais. Parece que o mais importante é deprimir as pessoas e não estimulá-las a compartilhar o belo, o bem e o verdadeiro.  (V.O.).


A INFLUÊNCIA DO NEGATIVO


"A negatividade é própria de todo ser inteligente, que é, por isso apto a dizer não, a tomar a posição contrária a outra. Em si, a negatividade não é um mal, salvo quando se refere à recusa ao que é realmente positivo e construtivo, quando apoia a negação do que tem valor pela ausência do mesmo valor. Ora, o que se observa nos períodos de decadência dos ciclos culturais é o aumento desmedido da negatividade em relação aos principais valores. Tende-se a negar tudo quanto de superior o ciclo admirou e realizou. Há uma completa inversão da escala de valores e todos os setores são atingidos pela ação negativista. Os princípios religiosos, que constituem os fundamentos do ciclo, são abalados pelas doutrinas negativistas, que não se contentam  apenas em em por em dúvida, mas em negar peremptoriamente o que até então era aceito, admitido e venerado. Não para aí a ação negativista. Ela busca atingir, sobretudo, os costumes, negando a validez ética a determinados  atos e modos de proceder, e estabelecendo que outros devem ser preferidos, o que invade o campo das relações humanas e põe em risco o que até então mais aproximava os homens. Não é de admirar que períodos decadentistas e de alheamento aos princípios morais sejam os períodos em que os homens mais se afastam uns dos outros, e que a atomização social aumenta a ponto de não haver mais a ponto de não haver mais possibilidade de compreensão entre dois seres humanos, que não podem mais "dialogar", e assistimos "aos diálogos de surdos", em que uns não entendem mais os outros. A barbarização revela-se aí, ameaçando abranger a totalidade da sociedade.

 A propaganda

A propaganda do negativismo é feita por todos os meios imagináveis, e nisso se esmeram, sobretudo, os subliteratos, que buscam apossar-se de todos os meios de comunicação. Com raras exceções, contribuem nas mínimas notícias, até na propaganda negativista, na anulação de valores. Não sabem, ou, então, se o sabem, o fazem por malícia, que uma simples notícia pode conter algumas palavras que animem ao bem ou estimulem ao mal. Quem escreve para os outros tem uma grande responsabilidade e deveria ter pelo menos uma formação psicológica e moral básica, suficiente para não ser apenas um veiculador de más notícias, de más informações e, sobretudo, de conselhos perniciosos". 

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Depois de criticar certos programas que primam por apresentar soluções estandartizadas e superficiais sobre sérios problemas humanos Mário Ferreira lembra que estes são defendidos em nome da liberdade e lembra que a liberdade não pode pactuar com "a falta de ética e de responsabilidade"

Na verdade, como o autor vai explicar em outros pontos de sua obra, os erros que aponta estão ligados à negação dos grandes valores espirituais da fé e de tudo de bom que herdamos da filosofia antiga e medieval. Lembra-nos uma Alocução do Papa Pio XII que depois de mostrar como passamos do teocentrismo ao ateísmo afirma com grande precisão: "E eis, agora, a tentativa de edificar a estrutura do mundo sobre bases que não hesitamos em indicar como principais responsáveis pela ameaça que pesa sobre a humanidade: uma economia sem Deus, um Direito sem Deus, uma política sem Deus".

 (Alocução à União dos Homens da Ação Católica Italiana, de 12 de outubro de 1952). https://www.vatican.va/content/pius-xii/it/speeches/1952/documents/hf_p-xii_spe_19521012_uomini-azione-cattolica.html

Observação: os subtítulos e os destaques em itálico são do blog olivereduc.