segunda-feira, 18 de maio de 2020

DSI 9. O TOTALITARISMO NAZISTA




Valter de Oliveira


A Alemanha e a Áustria perderam a Primeira Guerra Mundial. Os alemães derrubaram o Kaiser e implantaram o regime democrático criando a República de Weimar. 

O novo governo teve que enfrentar inúmeros problemas. A nação sentia-se humilhada com as pesadas condições que lhe foram impostas pelo Tratado de Versalhes. Pesadas indenizações de guerra contribuíram para desorganizar a economia e provocaram uma inflação gigantesca. O dinheiro perdeu todo o valor. O desemprego e a miséria cresceram de modo avassalador.

A crise provocou o crescimento de dois grupos aparentemente opostos: a esquerda, com o Partido Comunista, e a direita mais radical. Dentro deste último grupo surgiu o Partido Nazista. Oficialmente o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Os comunistas fracassaram na sua tentativa de tomar o poder e fazer um governo revolucionário marxista. Os nazistas souberam se valer dos problemas da conjuntura do país. Convenceram os desempregados que dariam empregos para todos. Assustaram o empresariado e a classe média com o perigo de um comunismo semelhante ao que havia na recém criada URSS. Recebeu apoio de industriais que não perceberam as semelhanças entre o partido de Hitler e o socialismo revolucionário. De qualquer modo o Partido Nazi foi aumentando seu eleitorado. Em certo momento, com o caos da inflação de 1923, Hitler tentou uma aventura de tomada do poder. Perdeu. Foi preso e condenado a cinco anos de prisão. O partido foi extinto. Depois de nove meses Hitler foi anistiado. Nesse momento a Alemanha começa a se recuperar economicamente e os extremistas perdem terreno. Mas, quando tudo parecia voltar a sorrir para a democracia tivemos o Crash de 1929... Em pouco tempo os 3 milhões de desempregados alemães duplicou.  Hitler soube se aproveitar e, finalmente, conseguiu o poder nas eleições de 1933. Mesmo sem ter maioria...

A partir daí sabemos como conquistou todo o poder e implantou o nazismo na Alemanha. Uma hábil propaganda que utilizava plebiscitos como meio de apoio fez com que o ditador tivesse um prestígio constantemente aumentado. 

Características e doutrina do nazismo

As características do nazismo são as mesmas do fascismo mas sua doutrina sobre a raça era mais profunda e radical.  

A concepção de Estado

Conforme muitos autores a concepção nazista de Estado estaria ligada a Hegel. Conforme este filósofo a realidade é a idéia universal, o espírito em constante evolução. Ele é que, em sua evolução, teria dado orígem ao Estado. Por isso Hegel o chama de "espírito vivente",  o "deus terreno". 

Daí - corretamente ou não - os nazistas tiraram suas consequências. "Se o Estado é o próprio Espírito divino, tem todos os direitos e todos os poderes absolutos sobre todos os súditos. O Estado passa a ser um fim supremo em si, e a finalidade suprema de cada indivíduo é ser um membro bom da sociedade, um súdito inteiramente obediente e a serviço do Estado. Toda a ordem moral e religiosa deve ficar subordinada ao Estado" (cf. Klimke-Colomer, Historia de la Filosofia, p. 736.

A expansão militarista. A teoria do espaço vital

O criador da teoria foi Haushofer, professor de geopolítica na Universidade de Munique. Ensinava a teoria do grande espaço ou espaço vital. Ela viria a ser usada para justificar a expansão militarista.

"O dinamismo e a ascensão de um povo, segundo tal teoria, justificam que este povo possa ocupar um espaço para sua expansão. Tal expansionismo beneficia, aliás, todo o globo, porque esse povo superior melhorará a produção das riquezas do mundo ao organizar o espaço que ele dominou (cf. Jules Monnerot, "Sociologie de La Révolution", p. 475). 

O racismo

Outro teórico nazista foi Rosenberg, o mais típico representante das ideias racistas. A partir das concepções de Nietzche sobre o super-homem, afirma que a raça nórdica, ou ariana (e só os alemães seriam essa raça pura) é absolutamente superior a todas as outras raças; ela deve então dominar o mundo e esmagar todas as nações que não se dobrarem a seu domínio.

A condenação oficial da Igreja

Uma observação importante. É comum adversários da Igreja tentar responsabilizar a Igreja e os Papas pela implantação do nazismo na Alemanha.

É verdade que sempre houve católicos, mesmo na hierarquia, que não conseguem ver erros em movimentos ou partidos políticos. É um erro crasso mas que acontece.

É falso porém que tenham sido os católicos os grandes responsáveis pela barbárie nazista. Muito pelo contrário. Nas eleições de 1933, por exemplo, os Estados cujo eleitorado mais votou contra os nazistas, foram aqueles de maioria católica.

Também durante o regime tivemos bispos e religiosos - em especial citamos o bispo Von Galen, "o leão de Munster" - que enfrentaram e criticaram aberta e claramente o regime.

Finalmente cumpre notar que o nazismo foi condenado pela encíclica "Mit Brennender Sorge" de Pio XI, em 14 de março de 1937. Exatamente quando o poder do hitlerismo cresceu na Alemanha...

Mais à frente, aqui e no site olivereduc, publicaremos textos de documentos da Igreja condenando princípios da ideologia nazista.