domingo, 15 de fevereiro de 2009



HOLOCAUSTOS: CRIMES CONTRA DEUS E A HUMANIDADE


Valter de Oliveira



Confesso que os últimos acontecimentos noticiados pela mídia a respeito do bispo Williamson, a reação da comunidade judaica e o pedido de perdão do Papa por aqueles que negam o holocausto deixaram-me perplexo. E, ao mesmo tempo, por paradoxal que pareça, alegre e esperançoso. Explico-me.

1. a perplexidade

Em primeiro lugar fico perplexo com o fato de alguém negar que o povo judeu não tenha sido vítima de uma das maiores barbáries da História. O assassínio de tantas vítimas inocentes foi, como disse o Papa, um “terrível crime”. E negá-lo “é intolerável e totalmente inaceitável”.

2. a insensibilidade

Em segundo lugar surpreende-me a insensibilidade do homem moderno diante de tantas monstruosidades cometidas por aqueles que querem construir uma sociedade perfeita baseada exclusivamente no homem. Só almas insensíveis, cobertas pela lepra do indiferentismo e do pecado, não conseguem ver os sofrimentos de tantos inocentes que foram e são eliminados por aqueles que defendem tenazmente a cultura da morte. Talvez se entenda então porque o Papa se viu obrigado a dizer: “O ódio e o desprezo por homens, mulheres e crianças, manifestados na Shoá, foi um crime contra Deus e contra a humanidade”.

Se os homens levassem um pouco a sério o que Deus nos ensinou – a todos de religião de origem semita – não seria necessário recordar-nos do que é óbvio.

Eu, como católico, relembro o que aprendi ainda jovem no catecismo: há quatro pecados que bradam ao Céu: O homicídio voluntário, o pecado de sodomia, a opressão dos pobres, não pagar o salário a quem trabalha.

Se um só homicídio merece tal repulsa por parte de Deus, o que dizer de massacres de grupos, raças e povos?

3. E por que me alegro?

Primeiro porque quando em minhas aulas trato das abominações do mundo moderno costumo mostrar os crimes cometidos pelo socialismo. E sempre começo pelo socialismo nazista. Crimes contra judeus e não judeus. Crimes contra alemães. Crimes contra seres humanos inocentes. Saudáveis e deficientes.

Nessa minha cruzada particular passo o filme “Julgamento em Nuremberg(1). Discuto com os alunos a mentalidade de cada um dos 4 nazistas acusados. Do degenerado, do fanático, do jurista respeitável, do juiz bonzinho e legalista que se julga inocente afirmando que o papel de um juiz é apenas aplicar a lei, sem questioná-la. Não fora ele que a tinha promulgado. Ele era simplesmente um fiel servidor do Estado...

E qual foi o grande erro, o grande crime dos legisladores nazistas? Foi afirmar que o Estado tem o direito de fazer qualquer lei que achar conveniente. Claro que, dizendo que é para o bem do povo ou da sociedade. E esta lei humana não pode ser limitada por ninguém. Nem pela lei divina e nem pelo direito natural. É a postura do Estado laicista sempre criticada pela Doutrina Social da Igreja.

Laicismo criminoso defendido pelos jacobinos do Terror.

Laicismo hediondo defendido pelos totalitários nazi-fascistas.

Laicismo abominável defendido pelo positivismo, pelo sociologismo jurídico, pelo existencialismo ateu, pelos marxistas. Todos hoje unidos em defesa da cultura da morte.

Laicismo desgraçadamente defendido pela declaração da Diretoria Nacional do PT ao defender o aborto, ou seja, o extermínio de inocentes. Razão: a pretensa autonomia que a mulher teria o direito sobre seu corpo. (2)

Graças a Deus estamos no pólo oposto. O que o juiz Haywood afirmou na sua sentença final em Nuremberg (3) nós bradamos com toda a alma: o nosso propósito de defender sempre o valor inalienável da vida de cada ser humano.

Alegro-me também porque nós católicos, que conhecemos e amamos a doutrina da Igreja e os ensinamentos luminosos de Nosso Senhor Jesus Cristo realmente estamos comprometidos na rejeição de toda forma de antissemitismo. E por uma razão muito simples: estamos comprometidos com toda a criatura humana. E por isso defendemos a inalienável dignidade do ser humano desde sua concepção. É uma alegria imensa saber que nenhuma outra instituição na Terra defende a vida humana tal como a defendemos.

4. A esperança

O Papa pediu perdão pelos pecados cometidos contra os judeus. Estranhei. Por que pedir perdão pelos crimes cometidos por nazistas? Ou pelas ignomínias proferidas por seus simpatizantes? Nós também fomos vítimas deles. Milhares de nossos irmãos perderam suas vidas por se oporem à gnose socialista nazista. Quem matou S. Maximiliano Kolbe e nossa irmã judia, S. Edith Stein?

E nós brasileiros ainda temos um motivo de glória: mais de 500 soldados, mais de 500 homens de valor que morreram para que o nazismo desaparecesse da face da terra!

Talvez o pedido de perdão do Papa queira dizer que a Igreja chora não só por seus filhos infiéis mas, por todo ser humano que perdeu a noção do valor da vida: a terrena e a eterna. Dos batizados e dos não batizados.

Finalmente, minha esperança é que todos os homens, em especial os judeus que viram tantos de seus filhos inocentes serem massacrados, unam-se a nós, católicos, para defender a vida humana.
Poderíamos começar relembrando outros genocídios, outros holocaustos. E condenando alto e bom som os crimes abomináveis cometidos por outro tipo de socialismo: o socialismo marxista.

Ainda há países socialistas que persistem em negar o valor intrínseco da vida humana. Seus algozes continuam no poder. Já no mundo democrático partidos socialistas e comunistas, e todos os seus simpatizantes, em todos os setores da sociedade, continuam a defender que não é crime matar inocentes por razões políticas e defendem asilo para seus criminosos!

Pior ainda: negam obstinadamente os terríveis crimes que praticaram contra populações inteiras. (4)

Também sobre estes “holocaustos” deveríamos aplicar as palavras do Papa:
"Não há dúvidas (...) – de que toda negação ou minimização deste terrível crime é intolerável e totalmente inaceitável." "Este capítulo terrível da nossa história não deve ser esquecido nunca", sentenciou.

Assim sendo, creio que em nome de tantas vítimas inocentes, temos que exigir:

Que a ONU, todas as igrejas cristãs, todos os líderes religiosos do mundo inteiro, todos os que justamente defendem a dignidade humana condenem, publicamente, todos os crimes praticados por Lênin, Stalin, Mao Tse Tung, Pol Pot e quaisquer outros criminosos políticos. Que se faça um monumento em homenagem a tantas vítimas inocentes. Que se exija dos defensores de tantas atrocidades que publicamente peçam perdão por defender o indefensável. (5)

Por último um pedido do fundo de nossas almas: a condenação mais radical de milhões de abortos praticados todos os anos. Com um grande mea culpa das “católicas” pelo direito de decidir e de todos os que tanto se obstinam em assassinar seres humanos inocentes.

Cabe a mim e a você, meu caro amigo leitor, empenharmo-nos com ardor para que isso seja possível.

Roguemos a Deus para que estes outros holocaustos - sempre lembrados e condenados pela Igreja - possam também ser condenados por toda a sociedade. Será um enorme bem para a humanidade e motivo de imenso júbilo no Céu.


Notas

1. Julgamento em Nuremberg, 1961, direção de Stanley Kramer.

2. O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores é contrário à CPI do Aborto e reafirma o compromisso de luta pela descriminalização do aborto e em defesa da igualdade e autonomia das mulheres sobre seu corpo e sua vida. O Partido dos Trabalhadores - PT- em seu 3° Congresso Nacional, ao tratar deste tema definiu e aprovou a seguinte resolução: "defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público evitando assim a gravidez não desejada e a morte de centenas de mulheres, na sua maioria pobres e negras, em decorrência do aborto clandestino e da falta de responsabilidade dos Estados no atendimento adequado às mulheres que assim optarem." Tratar desse tema criminalizando as mulheres, impondo valores religiosos ou morais, é apostar no autoritarismo que queremos que não exista em nossa sociedade. Brasília, 09 de fevereiro de 2009.

Obs: Observe-se a hipocrisia: a ideologia totalitária petista defende o extermínio de inocentes e acusa de autoritários quem defende a inviolabilidade da vida h
umana! Não é de estarrecer? E o que não querem que exista? O crime? Não. O que escancaradamente afirmam é que desejam que os valores morais e religiosos desapareçam da sociedade!

3. "Diante dos povos do mundo que seja aqui registrado... que na nossa decisão foi isso que defendemos... Justiça... Verdade... e o valor de cada ser humano (and the value of a single human being).

4. O PCdoB, do sr. Aldo Rebelo, devoto de Stalin e de Mao Tse Tung tem a desfaçatez de afirmar: “O socialismo ontem, hoje e amanhã será sempre a expressão da luta
pela construção de uma nova sociedade, antagônica ao capitalismo. Nas quatro/cinco décadas de vivência do socialismo, alcançaram-se êxitos históricos e cometeram-se também erros” (...) (site do PCdoB, respostas às perguntas mais freqüentes. Questão: “O socialismo ainda está na ordem do dia?)

Em suma, caros amigos, OS ERROS são os 100 milh
ões de mortos vítimas do comunismo...

5. Neste sentido também mostro a meus alunos os crimes praticados pelo socialismo marxista no Camboja apresentando a eles o filme: “Os gritos do Silêncio”, direção de Roland Joffé, vencedor de três Oscar.