A “POBRE” VIÚVA E MEU SOGRO
Valter de Oliveira
Meu sogro é um exemplo de homem reto. Teve uma vida íntegra, dedicada à família e ao trabalho constante e bem feito. Soube enfrentar as adversidades com o apoio fiel da esposa e a esperança de ver os filhos bem formados. E teve um grande sucesso.
É filho de imigrantes italianos que, como muitos para cá vieram, também passaram por dificuldades. Devido a isto, quando terminou o curso primário, o pai lhe disse que não poderia continuar os estudos. Era preciso trabalhar. Foi, talvez, o primeiro grande sofrimento. Ele amava os estudos e sabia que tinha potencial para crescer muito.
Obediente – e já bem maduro para a idade – conseguiu, em uma fábrica de lâmpadas no Tatuapé, uma vaga de aprendiz. Aos 14 começou sua carreira na empresa. Ficou nela 35 anos. Faltou um dia por ordem médica devido a um estilhaço de vidro no olho durante o serviço...
Um belo dia a empresa deixou o Tatuapé e instalou-se em Riacho Grande da Serra. Ele morava em Guarulhos, na Ponte Grande. Então ficou um “pouco” mais difícil trabalhar. Passou a acordar às 04h30m. Pegava um ônibus até a estação ferroviária, um primeiro trem até o Brás, baldeação para Riacho Grande, outra condução até à fábrica. À noite, já cansado, refazia o percurso em sentido inverso. Chegava em casa às 20h30m... Diversões? Ás vezes, nos fins de semana. Um grande passeio era levar os filhos ao zoológico. D. Norma preparava os quitutes e lá iam eles. De ônibus, é claro...
Depois de aposentado como chefe de seção pediram-lhe que ficasse na firma por mais algum tempo. Passou a trabalhar duas ou três vêzes por semana. Afinal, chegou o dia de realmente parar. Foi homenageado: recebeu um troféu como o melhor funcionário que a empresa tivera. Foi uma bela cerimônia. Já o salário...
Com um exemplo de vida destes poderíamos imaginar uma velhice tranqüila, ao lado da esposa querida, com uma aposentadoria digna, como seria de se esperar de qualquer país que sabe respeitar seus trabalhadores.
Entretanto, mais um sacrifício lhe foi pedido. Um derrame tirou a vida de D. Norma. Logo após uma simples conversa dentro de casa. “Foi embora como um passarinho”, disse ele.
Restaram-lhe os filhos, eternamente reconhecidos e edificados, uma nora e dois genros que o admiram. É uma árvore que ensina a todos nós a lutar sempre, de cabeça erguida, quaisquer que sejam os obstáculos. A viver na terra olhando para o infinito.
Valter de Oliveira
Meu sogro é um exemplo de homem reto. Teve uma vida íntegra, dedicada à família e ao trabalho constante e bem feito. Soube enfrentar as adversidades com o apoio fiel da esposa e a esperança de ver os filhos bem formados. E teve um grande sucesso.
É filho de imigrantes italianos que, como muitos para cá vieram, também passaram por dificuldades. Devido a isto, quando terminou o curso primário, o pai lhe disse que não poderia continuar os estudos. Era preciso trabalhar. Foi, talvez, o primeiro grande sofrimento. Ele amava os estudos e sabia que tinha potencial para crescer muito.
Obediente – e já bem maduro para a idade – conseguiu, em uma fábrica de lâmpadas no Tatuapé, uma vaga de aprendiz. Aos 14 começou sua carreira na empresa. Ficou nela 35 anos. Faltou um dia por ordem médica devido a um estilhaço de vidro no olho durante o serviço...
Um belo dia a empresa deixou o Tatuapé e instalou-se em Riacho Grande da Serra. Ele morava em Guarulhos, na Ponte Grande. Então ficou um “pouco” mais difícil trabalhar. Passou a acordar às 04h30m. Pegava um ônibus até a estação ferroviária, um primeiro trem até o Brás, baldeação para Riacho Grande, outra condução até à fábrica. À noite, já cansado, refazia o percurso em sentido inverso. Chegava em casa às 20h30m... Diversões? Ás vezes, nos fins de semana. Um grande passeio era levar os filhos ao zoológico. D. Norma preparava os quitutes e lá iam eles. De ônibus, é claro...
Depois de aposentado como chefe de seção pediram-lhe que ficasse na firma por mais algum tempo. Passou a trabalhar duas ou três vêzes por semana. Afinal, chegou o dia de realmente parar. Foi homenageado: recebeu um troféu como o melhor funcionário que a empresa tivera. Foi uma bela cerimônia. Já o salário...
Com um exemplo de vida destes poderíamos imaginar uma velhice tranqüila, ao lado da esposa querida, com uma aposentadoria digna, como seria de se esperar de qualquer país que sabe respeitar seus trabalhadores.
Entretanto, mais um sacrifício lhe foi pedido. Um derrame tirou a vida de D. Norma. Logo após uma simples conversa dentro de casa. “Foi embora como um passarinho”, disse ele.
Restaram-lhe os filhos, eternamente reconhecidos e edificados, uma nora e dois genros que o admiram. É uma árvore que ensina a todos nós a lutar sempre, de cabeça erguida, quaisquer que sejam os obstáculos. A viver na terra olhando para o infinito.
Hoje mora com Renato, um bom filho que lhe quer muito, com uma nora carinhosa e dois netos. Devido a isso não precisa da aposentadoria fruto da epopéia de seu trabalho diário. Todos os meses o Estado brasileiro, fiel respeitador de seus direitos, deposita em sua conta ... Preciso citar? O INSS tem déficit, temos um lindo “fator” previdenciário que achata os vencimentos dos aposentados, etc. E os governantes são zelosos guardadores do bem público.
Agora vejamos um outro lado.
Notícias de ontem informaram que a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça decidiu anistiar João Goulart (1) e sua esposa e indenizá-los pelos prejuízos sofridos com sua queda do governo provocada pelos militares. D. Teresa, sua viúva, receberá seiscentos e quarenta mil reais, em parcelas, pelos próximos dez anos, cem mil de imediato como indenização por período que viveu no exílio. O ministro Tarso Genro e o Presidente Lula (2) ficaram muito felizes.
Como se vê, os governos que “amam” o povo têm um grande senso de justiça...
1. O ministro da Justiça, Tarso Genro, declarou que a decisão da Comissão de Anistia foi um ato de justiça tardia e que o ex-presidente Goulart foi deposto por suas qualidades e não por seus defeitos.
2. Em nota enviada à Comissão o Presidente afirmou que Jango era um verdadeiro herói.
Nem foi ato de justiça e nem João Goulart foi herói. É tema para outro artigo. Talvez o escreva. É muito duro para um professor de História ver o passado reescrito em um viés totalmente ideológico. No pior sentido.
Agora vejamos um outro lado.
Notícias de ontem informaram que a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça decidiu anistiar João Goulart (1) e sua esposa e indenizá-los pelos prejuízos sofridos com sua queda do governo provocada pelos militares. D. Teresa, sua viúva, receberá seiscentos e quarenta mil reais, em parcelas, pelos próximos dez anos, cem mil de imediato como indenização por período que viveu no exílio. O ministro Tarso Genro e o Presidente Lula (2) ficaram muito felizes.
Como se vê, os governos que “amam” o povo têm um grande senso de justiça...
1. O ministro da Justiça, Tarso Genro, declarou que a decisão da Comissão de Anistia foi um ato de justiça tardia e que o ex-presidente Goulart foi deposto por suas qualidades e não por seus defeitos.
2. Em nota enviada à Comissão o Presidente afirmou que Jango era um verdadeiro herói.
Nem foi ato de justiça e nem João Goulart foi herói. É tema para outro artigo. Talvez o escreva. É muito duro para um professor de História ver o passado reescrito em um viés totalmente ideológico. No pior sentido.
3 comentários:
Lindo artigo. Conheço bem seu sogro e sei que ele merece esse reconhecimento.
O governo não dá a seu sogro, filho da imigrante Teresa, o mesmo tratamento dado a Teresa de Goulart.
O trabalhador sofre sua vida inteira para, na velhice, receber as ninharias desse governo, enquanto João Goulart é declarado "herói"...
É o governo dos pobres, para os pobres, pelos pobres...
Pobres de nós...
O Brasil é uma ficção, não existe!
Precisamos acordar para essa realidade!
Desde o (des)governo Geisel, que criou Lula junto com Golbery, o Brasil vem descendo a ladeira.(*)
Falta autoridade.
Falta segurança pública.
Falta justiça.
Há insegurança jurídica.
Pessoas como seu sogro, que trabalharam para se aposentar após 35 anos de contribuição foram ROUBADAS por Lula e quadrilha.
E o Judiciário não fez nada.
Nem o Legislativo - um absurdo democrático que permite que as leis sejam feitas por semi-alfabetizados, lobistas e bandidos dos mais variados calibres.
Viva a Democracia!
É preciso acordar para a realidade e optar por uma das soluções possíveis:
1) Refundar o Brasil - Rasgar esse monte de leis péssimas e recomeçar do zero. Não vai ser fácil. o Governo Mundial não vai deixar. Quem tentasse fazer isso (com o pobre Exército que temos) seria aniquilado.
2) Secessão - Já existe o "Sul é o meu país". São Paulo poderia se separar. Mato Grosso é outro.
Qualquer outra solução é perda de tempo, palavras jogadas ao vento.
Ah...existe uma terceira saída: criar pequenos "feudos", a exemplo desses criados pelos traficantes e por igrejas alienígenas no interior de Goiás e Mato Grosso. Como o MST já está fazendo em muitos estados e regiões do Brasil.
Anos futuros terríveis nos esperam...
(*) Leia o livro "Ideais Traídos", escrito pelo General Sylvio Frota, e fique pasmo ao descobrir porque a Contra-Revolução de 64 descambou...
Caro amigo e professor
Que exemplo de santidade...
Fico imaginando-o como o pai de Santa terezinha da forma como escreveu... Adoro exemplos edificantes.
Agora qto a sua situação a nível de Brasil realmente uma vergonha... Isso sim é um grande pecado e uma grande injustiça!
Grande abraço.
Chris
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