Valter de Oliveira
O artigo da profª Nana Soares "Por que a escola deve combater a desigualdade de gênero" (1), na revista Educar para Crescer, da Editora Abril, é um triste exemplo da doutrinação que é feita por professores com a finalidade de manipular crianças em nossas escolas.
Escreve a professora:
"Nosso mundo, infelizmente, é cheio de desigualdades. Volta e meia nos deparamos com episódios de racismo, machismo, homofobia ou desigualdade social, mesmo que eduquemos nossos filhos para não reproduzi-las. Também é importante que outros setores, entre eles a escola, também eduquem para combater as desigualdades"
Pura visão marxista. Nana confunde igualdade com igualitarismo. Nega a realidade, ao negar que existem, e devem existir, diversas e legítimas desigualdades na sociedade. Desigualdades que são fruto da unicidade de cada ser humano e de nossas diferenças naturais.
Para piorar a professora confunde outras coisas. Racismo e machismo são, sem dúvida, práticas injustas que favorecem desigualdades que não deveriam existir. Já as diferenças oriundas da biologia e da psicologia humanas são adequadas e benéficas para todos. Homens e mulheres se complementam e se completam de modo a desenvolver o amor conjugal e a perpetuação da espécie.
Já as ações e uniões homossexuais, como é mais do que sabido, atuam fora dessa finalidade. É um ponto que pouco se entende e se discute: a finalidade das coisas, no caso o ato conjugal e do prazer na vida humana.
Criticar as ações homossexuais nada tem de "homofóbico". Estamos discutindo atos humanos que, como se sabe, é o objeto da ética. Esta procura explicar quais ações humanas são adequadas e aceitáveis tanto na vida particular como pública.
Nesse sentido os defensores da família baseada no homem e na mulher simplesmente afirmam, com base na filosofia e vários ramos da ciência, que as ações homossexuais não são ordenadas em relação ao fim correto da sexualidade.
Por outro lado há erro no uso da palavra homofobia. Ela é usada para qualquer crítica à prática homossexual. Implica em crítica ao direito natural e, principalmente, ao ensinamento cristão que nos ensina a prática da castidade. Transformou-se em um jargão para inibir e amedrontar adversários. Virou propaganda e manipulação ideológica.
Voltemos ao texto da professora Nana Soares que apresenta sua defesa do igualitarismo sexual:
"No que diz respeito às desigualdades de gênero não é diferente. Por exemplo, um estudo internacional divulgado no início de abril mostra que se as meninas apresentam um desempenho em matemática pior do que os meninos, isso se deve à menor confiança que elas têm em si mesmas em relação a essa matéria. Realizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) mostra que "muitas meninas optam por não seguir carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática porque elas não têm confiança na sua capacidade para se destacar nessas áreas apesar de terem as habilidades para fazê-lo". Isso quer dizer que atitudes do cotidiano acabam por desestimular as meninas em matemática e fazem com que elas acreditem que não são tão capazes". (2)
Mito ou Realidade?
"Então se a desigualdade de gênero reflete no dia a dia escolar e até nas escolhas profissionais que meninas e meninos fazem, por que não combate-la? Para Daniela Auad, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e autora do livro "Educar meninas e meninos: relações de gênero na escola" é essencial que isso aconteça. Segundo ela, um passo fundamental é fazer com que todos os envolvidos percebam as desigualdades presentes no ambiente escolar, e não mais as vejam como algo natural (3)
O que suas palavras demonstram é o disfarçado e velho conceito marxista de "conscientização".
Diante disso tudo surge a pergunta: O que deve ser aplicado na escola para eliminar as desigualdades de gênero?
Nana Soares mostra-nos a sugestão de Daniela Auad:
"(...) formação de grupos mistos, que misturam meninas e meninos
"Ao fazer isso aproxima-se mundos e mistura habilidades. As desigualdades são apresentadas fora dali, mas a escola é um espaço de reprodução. Tanto meninas quanto meninos têm total condição de adquirir conhecimentos, isso é uma questão da nossa humanidade".
Afirmação acaciana, não é mesmo? A questão é: resolve? Acaba com a desigualdade? Sempre estudei em escola mista e participei de inúmeros grupos mistos. Ninguém estava preocupado com ideologia de gênero. Continuamos todos, graças a Deus, como somos. Homens e mulheres inteiramente normais. Cada um aprendendo conforme sua capacidade, esforço, apoio familiar, etc. Não tínhamos ideólogos para nos importunar. Nem passava pela cabeça de ninguém que mulheres não aprendessem. Aliás, muitas das meninas minhas colegas eram ótimas em tudo, inclusive em exatas. Tinha enorme admiração por elas. Minha escola era pública, em Itaquera, periferia de São Paulo, tinha boa qualidade.
Por outro lado, é fato que muitas estatísticas indicam que a maior parte das mulheres atuam na área de humanas ou da biologia. Quais as razões? Estão sendo feitos muitos estudos. Pedagogos, sociólogos, psicólogos e filósofos da educação procuram entender as diversidades entre homens e mulheres. Ainda mais agora que se fala tanto em inteligências múltiplas. As explicações dadas divergem das que são apresentadas pelas professoras citadas neste artigo. E, devido a isso, cresceu o número de teóricos da educação que defendem a educação separada, ou seja, escolas masculinas e femininas. Afirmam que isso seria melhor para todos e em todos os sentidos. É a chamada educação personalizada adotada pelas melhores escolas do mundo.
No seu afã igualitário Nana Soares mostra que está sendo fiel a um projeto de governo. Elogia o MEC voltando a citar Daniela Auad:
"Para a pesquisadora a batalha contra a desigualdade está melhorando lentamente, pois há uma política federal para a promoção da diversidade (como o programa "Gênero e Diversidade na Escola" do Ministério da Educação) e as discussões de gênero começam a aparecer nos livros didáticos".(4)
Como podemos ver as professoras se encantam com as "políticas públicas" ordenadas pelo Estado que procura impor a ideologia de um partido à sociedade brasileira. Ideologia importada e que faz parte da agenda revolucionária mundial.
Continua a professora Daniela:
"A questão de gênero começa a aparecer na formação dos professores embora ainda não o suficiente".
Também diz que é importante que o assunto esteja incluído "na agenda da escola".
Mais para a frente Nana Soares cita a atuação de outra professora. É a parte mais lamentável:
"A pedagoga Edna Telles, por exemplo, promoveu uma atividade desse tipo na escola que coordenava na periferia de São Paulo. Desde 2011, os cerca de 300 alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental têm um momento exclusivo para as brincadeiras coletivas. O diferente da história é que todos, meninos e meninas, alternam entre o brincar só com os brinquedos "de menina" e com os "de menino".
"Como o momento das brincadeiras acontece duas vezes por semana, em cada dia há a exclusividade de um tipo de brinquedo. Em um as bonecas e brinquedos relacionados ao universo doméstico, como vassouras, fogões e panelas. No outro, os bonecos, carros e jogos de aventura, associados ao universo masculino. As professoras acompanham as brincadeiras e fazem intervenções pontuais, além de responderem dúvidas dos alunos"
"No começo houve muito estranhamento, os meninos perguntavam se a brincadeira era só para meninas e se eles iam ficar de fora. Levou cerca de um mês para as crianças baixarem a resistência, quebrarem essa barreira e brincarem com todos os brinquedos}" diz Edna. Segundo a educadora, a resistência dos meninos foi muito maior que a das meninas e a justificativa era sempre atrelada à sexualidade (eles perguntavam se iam virar gays por brincar de boneca). Por isso as intervenções das professoras que sugerem que eles sejam os pais ou os médicos dos bebês lembrando-os que pai e mãe cuidam dos filhos". (5)
"As meninas também questionavam porque iam brincar com brinquedos de menino, mas a resistência era menor do que a dos meninos, porque tudo aquilo que é relacionado ao universo feminino é menos valorizado (6). Diversos preconceitos da sociedade já estavam refletido ali. (...) Para Edna "a importância da iniciativa é que ela desconstrói estereótipos de gênero e dá às criança a chance de vivenciar diferentes papéis e descobrirem suas aptidões, pois elas experimentam de tudo e não ficam presas só a um tipo de brincadeira, como costuma ser. Elas têm o direito de vivenciar tudo".
Que pedagoga encantadora! Relembro o que ela disse: "Levou um mês para as crianças baixarem a resistência"(...) "A resistência dos meninos foi maior".
Pergunto: com que direito se expõe uma criança a uma pressão dessas? Isso é tão brutal que não deveria ser feito ainda que os pais dessas infelizes crianças tivessem autorizado. Que problemas psicológicos essa pedagogia ditatorial pode causar nas crianças?
E o que quer dizer Edna Telles com a frase: "Crianças têm o direito de vivenciar tudo". É mesmo? Dá para aprofundar? Será que nossa cara pedagoga é capaz de entender as últimas consequências de sua tenebrosa afirmação?
Lembremos que a vergonhosa experiência feita nessa escola de periferia foi realizada sem que haja lei que a ordene. Foi feita por puro entusiasmo ideológico.
Mais uma questão: e os pais? E se eles objetarem? Afinal são eles os maiores responsáveis pela educação de seus filhos.
Daniela Auad, outra "educadora" já citada nos dá a resposta. Ela afirma que não é porque os pais possam ter resistências que o assunto não deva ser discutido na escola. Faz uma comparação:
"Há pais que não gostam da idéia da escola usar uniforme. Mas a escola deixa de pedir uniforme por causa disso? Nãol. Há uma série de coisas que a escola defende e os pais não, e porque na questão da discriminação de gênero ela tem que ceder? Por que as crianças são estimuladas a pensar em algumas coisas, mas não em relação a isso? Os pais não podem ser álibi para não tratar do assunto desigualdade". (7)
Aí está a pequena ditadora. "A escola não deve ceder", diz dogmaticamente. Ela simplesmente afirma que a escola deve ser dominada por pessoas iluminadas que sabe melhor do que nós o que é bom para nossos filhos.
Todos os totalitários te saúdam, Daniela.
Notas:
1. Este artigo foi escrito em 2014. A experiência com alunos começou em 2011. Haddad, então ministro da Educação, hoje fica incomodado em tocar no tema. Sucede que o programa do PT para eventual governo afirma claramente que a política LGBT e a ideologia de gênero devem ser aprofundadas e protegidas.
2. Os filósofos da educação personalizada discutem o assunto.Ex: Victor Garcia Hoz, Educación Personalizada, Rialp, Madri, 1986.
3. Aqui está o ponto: o que não é natural nas diferenças entre homens e mulheres?
4. Para serem discutidas ou impostas? E a partir de que idade? No colegial ou já com crianças, como nossas ideólogas defendem?
5. Francamente professora Nana, é isso o que prega a ideologia de gênero? Vocês não dizem que ser homem e mulher é uma construção histórica? Para que isso? Para ter menos oposição?
6. Pois é. Quem será que propagou que ser mãe ou cuidar da casa é vergonhoso? Ou que a mulher que cuida do lar não trabalha? Ou que dirigir um trator é mais importante que educar bem os filhos?
7. Os melhores filósofos da educação defendem que uma boa escola tem que ser construída sobre três pilares: pais, professores e alunos. Nesta ordem.
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