Valter de Oliveira
Em nossos dias
fica cada vez mais patente a imensa distância entre o que pensa e faz nossa
“elite” e o que pensa e deseja a sociedade brasileira. Distância que aumenta a
cada instante devido à cegueira daqueles que deveriam ser modelos para todos
nós.
1. Os políticos brasileiros
Nossa classe
política nunca foi tida como exemplar. Jânio foi famoso pela vassourinha.
Pretendia varrer todo o lixo de nossa vida pública. Seu empenho durou sete
meses. De lá para cá, com democracia ou sem democracia, ela parece procurar
bater o recorde de incompetência e corrupção. (1)
De março para cá
milhões saíram às ruas indignados com o que vem acontecendo na política em
nosso país. É verdade que a mira principal é o PT e o desgoverno de Dilma
Rousseff. Mas há também indignação contra uma oposição medíocre - e também
imersa na corrupção – que nada apresenta de sério para combater o mal e satisfazer
aos legítimos anseios da sociedade.
Queremos uma
verdadeira reforma política que permita aos eleitores conhecer os objetivos dos
partidos políticos e de seus candidatos. Reforma que nos permita fiscalizar e
punir – por exemplo através do recall – àqueles que foram infiéis às suas
promessas políticas ou se dedicaram à corrupção.
O que propõe o
PT e seus aliados (incluindo a CNBB): uma reforma política que nos faria ainda
mais reféns da oligarquia.
A sociedade quer
transparência. O governo camufla suas intenções e atitudes, manipula a
propaganda, admite ter o direito de segredo sobre a atuação do BNDES e outros
organismos governamentais.
A sociedade quer
rigor contra toda a forma de crime. Com a justa punição para maiores ou
menores.
O que faz o
governo, seus aliados e até membros da “oposição”: apoiam um novo código penal
ainda mais permissivo.
A sociedade há
muito clama por uma reforma fiscal e tributária eficaz, séria, democrática.
A classe
política desconversa, empurra com a barriga, aumenta os impostos e descuida de
tudo o que é essencial para a população. A começar por educação, saúde,
segurança e justiça.
A sociedade tem
direito à educação de qualidade. Pública e privada.
O governo atual
em primeiro lugar e a classe política, procuram ganhar dividendos propiciando
bolsas de estudos para alunos que tiveram má formação básica, fingem que não
sabem que a reforma educacional tem que começar do fundamental. Para piorar
criaram uma legislação permissiva que prejudica os professores e os bons
alunos. Maus alunos ofendem e até agridem. Nada acontece. Os governantes, da
esfera federal, estadual e municipal, em nome da inclusão, propagam
obstinadamente a incompetência e marginalizam a grande maioria, que deveria
estar apta a participar de um mundo cada vez mais globalizado.
A lista é longa.
Deixo para ampliá-la em outra ocasião.
2. Os pedagogos
Por definição
pedagogos são aqueles que sabem conduzir crianças e jovens aos objetivos
específicos da educação.
Nesse ponto
nossa sociedade está à deriva. Poucos sabem o que seja realmente educar. Para
isso é necessário ter uma correta visão antropológica do homem. A atual
ideologia da maior parte de nossos pedagogos impede isso.
De qualquer
modo, ainda que intuitivamente, sabemos que as coisas não podem ficar como
está. Afinal, nosso nível educacional, é dos piores do mundo, conforme atestam
os testes internacionais. Na esfera pública e privada. Isso apesar de sermos,
reconhecidamente, um dos povos mais inteligentes do mundo.
Nossos cursos de
pedagogia – como disse a profª Eunice Duran – dão teoria de má qualidade, com
frequência no viés socializante, nem conseguem ser praticadas nas escolas. O
construtivismo, defendido obtusa e dogmaticamente, é pouco compreendido e
aplicado. Há as eternas críticas às
cartilhas do passado e ao método fonético (esquecem que as melhores cabeças do
passado foram alfabetizadas assim). Sobretudo negam-se a ver o que a moderna
neurologia fala do assunto. O resultado é que os alunos mais competentes –
excetuando almas idealistas e abnegadas - fogem da carreira docente. É mais do
que sabido que em breve teremos pouquíssimos professores da área de exatas.
Também já faltam os de geografia.
Desde que
comecei a ensinar vejo a decadência de nossas escolas. Alguém acorda? Não.
Insistem nos mesmos erros e os aprofundam. Com o apoio dos governos, a
irreflexão dos sindicatos, a superficialidade da mídia, a falta de sério
compromisso das universidades com a educação, a apatia de muitos alunos, e a
desesperança de boa parte dos professores.
3. Os teólogos
A teologia
existe para nos ajudar a aprofundar em nossa fé, conhecer melhor a Deus e a
amá-Lo acima de todas as coisas. Basta ler S. Agostinho ou S. Tomás, ou ainda, a
grande S. Teresa de Ávila.
No passado,
graças a esses teólogos e a grande número de santos, o povo tinha contato com
homens e mulheres de virtudes fulgurantes. Era ensinado, pela palavra e pelo
exemplo, a cumprir a vontade de Deus na Terra através de uma vida digna, o que
implicava na construção de uma sociedade o quanto possível perfeita, mas sem
deixar de levar em conta as consequências do pecado original. Não se fazia um
divórcio entre a virtude individual e a responsabilidade de cristianizar o
mundo. Sabia-se que uma sociedade mais justa seria realizada se não houvesse,
ao mesmo tempo, um sério amor ao próximo. “Se não és capaz de amar a quem vês,
como amarás ao Deus que não vês? ”
Hoje as coisas
mudaram. Os teólogos da chamada linha progressista já não se preocupam com o
pecado individual, só com o social. Tampouco dão importância ao Credo, à
doutrina, à moral. Quem se preocupa com isso passou a ser taxado de
fundamentalista. Os novos teólogos se empenham em destruir o capitalismo (para
eles um dos maiores males do mundo) e em construir o Paraíso na Terra. É a
Teologia da Libertação.
Acontece que o
homem comum, na cidade ou na aldeia indígena, tem sede de Deus (fruto de uma
graça concedida a todos). Quer saber quem foi Cristo, que morreu por nós. Quer
vida de piedade, de oração, de reparação, de generosidade. Quer um trato íntimo
com nosso Pai. Este homem, talvez sem o saber, está seguindo as palavras de
Cristo: “Procurai em primeiro lugar o
reino de Deus e sua Justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo”.
O teólogo
progressista não está preocupado com nossa fome de Deus. Ele nos julga
egoístas. A grande realidade é mudar o mundo rumo ao socialismo. Quem assim
quer ser, é bom cristão. Quem não o quer...
É verdade que o “douto”
teólogo fala em caridade, acolhimento, misericórdia. Nesse sentido,
contrariando a Cristo (2), ele praticamente quer dar cidadania a todos os
pecados que ferem o 6º mandamento – o adultério, a prostituição, a
homossexualidade – e o quinto, como o aborto e a eutanásia. Já temos hoje, conforme
suas pastorais misericordiosas, missas gays. O título já é escandaloso. No
futuro, quem sabe, poderemos ter uma missa dos traficantes, dos corruptos e dos pedófilos...
Tudo isso na
contramão do que pedem e desejam os fiéis católicos.
Conclusão:
Um ponto comum
que há entre todos eles: a negação obstinada da verdade. “O país vai bem,
obrigado, nunca como no governo do PT se fez tanto pelo povo”. “A educação não
melhora por causa das elites e da educação bancária”. Os pedagogos
asseguram-nos, que se fizermos o que propõem, – incluindo a acolhida à
ideologia de gênero - tudo ficará melhor. Já o teólogo progressista, tão feliz
em ver a abertura (3) da Igreja para o mundo, tão empenhado em mudar tudo,
assegura-nos na mídia (não em seus escritos) que ninguém quer mudar a doutrina.
Só querem mudanças pastorais...
Você acredita?
1. Na TV a cabo há uma série chamada o índice da maldade. Talvez
seja o caso de fazer uma similar: “O índice da corrupção e da incompetência”. O
PT está ganhando...
2. Cristo disse ao jovem rico depois que este disse que
praticava os mandamentos: “Então, se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que
tens, dá aos pobres, renuncia a ti mesmo, carregue a tua cruz e siga-me”.
O teólogo progressista não está preocupado com os mandamentos.
Suas homilias – quando é padre – são sempre genéricas. Ele defende o
“Amor”. Não insiste na prática dos
mandamentos como necessários para alcançarmos a vida eterna. Assim, ele
simplesmente não ama o pecador. Quer acolhe-lo com o seu pecado. Na sua visão,
nossos movimentos sociais são profundamente cristãos porque lutam por um mundo
melhor. Se você mostrar que todos eles já se pronunciaram favoravelmente a toda
a agenda gay, ao aborto, à violação de direitos humanos por parte de governos
de esquerda ele não dará importância. Estariam no caminho certo por lutar pelo
socialismo.
Tais teólogos acreditam que estão próximos de uma grande
vitória. Sabem que têm apoio de amplos setores da alta hierarquia da Igreja.
Isso os faz caminhar altivamente, tirando as máscaras. Para nós resta um
consolo: Ficará cada vez mais claro que eles não pertencem à Igreja de Cristo.
3. Existe uma desejável abertura para o mundo. Não é a deles que
implica na negação dos mais profundos valores cristãos.
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